quarta-feira, outubro 25, 2006

Parafilias e taramanias


Cinco a dez portugueses morrem, todos os anos, por -pasme-se! - asfixia auto-erótica.
Consiste esta, segundo um especialista nestas frescuras, em a criatura esganar-se à medida que se masturba, ou vice-versa. O orgasmo no limiar do delíquio, reclamam os devotos praticantes e confirma o cientista, será mais intenso. Confesso que nunca tal coisa me tinha ocorrido. Sabia que, por altura dos dependuramentos extremos, os enforcados, referem as crónicas, ejaculavam. Dizia-se até que no local do solo fertilizados pelo sémen vertido nascia a mandrágora, planta de propriedades mágicas, muito requisitada por bruxas e alquimistas. Mas daí a pensar em punhetear-me dependurado pelo pescoço, francamente, é bizarria fora do meu alcance. Mesmo em garoto, quando o vício, por vezes, se abeirou perigosamente do tique, à falta da endiabrada mãozinha da Fernanda, limitei-me a confiar a imperiosa tarefa à minha própria destra. Não era a mesma coisa, nem nada que se parecesse, mas o pior que me podia acontecer, acreditava eu naquele tempo, era ficar tuberculoso. Ou ceguinho. O que sempre tinha a utilidade de me frear os ímpetos. De todo o modo, nunca me deu para confundir a cabeça de baixo com a de cima, e garrotar esta em vez daquela. É que nem morto.
Outras parafilias (nome técnico para estas grandessíssimas taras) igualmente praticadas, mas só agora merecedoras de divulgação, são a formicofilia e a clistofilia. A primeira, diz o perito, consiste em entregar os genitais e outras zonas erógenas aos jogings, afagos e micro-carícias de certos insectos rastejantes ou gastrópodes viscosos; a segunda pode ser descrita como masturbação à força de clisteres. Eventuais vítimas destas garridices, a notícia não menciona. Facilmente sugestionável e dotado duma imaginação imarcescível, eu, porém, não me custa muito -aliás, não me custa mesmo nada - conceber as mais abstrusas emergências, culminadas nas mais convulsivas aflições: uma balzaquiana vinilizada, aos uivos, com um louva-a-deus catrafilado ao clitóris; um executivo bancário com um escaravelho-das-bolas minando para lá do parque das ditas e dos limites convenientes do anillingus - ou melhor será dizer animaxilingus -; etc, etc.
Mas se estas estapafúrdias bizarrias são praticadas -quero crer - por uma percentagem pouco significativa da lusa população, outras há, pelo contrário, que o são endemicamente.
A mais grave de todas, ninguém duvide, é a chamada condução auto-erótica, que consiste em o aborígene se masturbar com a respectiva viatura automóvel. É geral, compulsiva e desvairada de norte a sul do país. Nos casos mais agudos, o mesmo indivíduo chega ao extremo de onanizar-se com vários automóveis, barcos, motas-de-água e jets privados.
Já a mais agressiva é a denominada governação auto-erótica. É em tudo semelhante à formicofilia. Só que em vez de formigas, utiliza pessoas. E, bem entendido, o voto dos eleitores, os cargos da administração pública e os cofres do Estado.
Eu ainda ia falar da estirpe mais avançada da clistofilia, que consiste na postagem, leitura e comentário em blogues de referência, mas acho melhor deixar para outro dia.

6 comentários:

  1. Por isso é que os políticos gostam de usar gravata!

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  2. "Eu ainda ia falar da estirpe mais avançada da clistofilia, que consiste na postagem, leitura e comentário em blogues de referência, mas acho melhor deixar para outro dia."

    Caí de costas de tanto rir, bem, bem tanto, tb vou lendo alguns!!!!

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  3. 2º "bem" é "nem"

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  4. dragão rima com fornicão!...
    oh! oh!
    que boião de cultura está esta casa

    o jaime nogueira pinto tem que contratar o césar augusto dragão para aumentar as vendas da revista dele, ou melhor, para ver se a revista vende

    os americanos e o josé eduardo dos santos já não querem dar-lhe mais dinheiro

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  5. Queria talvez dizer o josé eduardo moniz, presumo.

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  6. O Dragão esqueceu a "telefonadela auto-erótica". Nem parece seu.

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