(Reposição de um postal de o2 de Junho do ano passado. E, talvez, o postal que mais gozo me deu escrever em toda a história do Dragoscópio...)
Pronto, temos o caldo entornado! Li por aí, algures, qualquer coisa sobre a Olivença mártir, ocupada pelo castelhano ímpio. Está tudo estragado. Eis que um manto vermelho me tolda as vistas e ímpetos tigrinos me revolvem a figadeira. Esta, má de sua usual natureza, está agora péssima, segregando uma bílis capaz sabe-se lá de que homéricas façanhas e belicosas audácias. Um vulcão de rompantes homicidas envinagra-me os azeites e trepa-me à mioleira. Não, não me deviam ter falado numa coisa dessas. Agora aturem-me!...
Fez ontem quantos anos? Duzentos e quatro?!! E ainda tendes o descaro de me dizer uma coisa dessas?!! São duzentas e quatro punhaladas no meu coração!, são duzentas e quatro marretadas na minha cabeça!, são duzentos e quatro coices nos meus digníssimos testículos!
Mas somos homens ou larvas rastejantes?! Somos varões ou galinholas?! Estamos à espera de quê? Hem?!
Para Olivença e em força! Já! Imediatamente! A todo o vapor! E, de caminho, a título de juros de mora, tomamos também Badajoz. Aproveitamos e enfardamos caramelos –ou seja, em linguagem técnica, reabastecemos -, e aí vamos nós, direitos a Sevilha, a Algeciras, a Ayamonte se os cabrões dos espanhóis não ajoelharem prontamente, em rogo de misericórdia e juras cegas de vassalagem perpétua. Em se prostrando, os biltres, os cães, agarrados às mulheres e aos filhos, lavados em lágrimas, ainda vá que não vá: cobramos tributo, pagam uma choruda indemnização, (a fórmula será défice x 2 + total de anos de usurpação x Pi) e vamos comprar casacos de cabedal a Ceuta. Caso contrário, se armarem em esquisitos, se se puserem com procrastinanços, não me telefonem nos próximos doze meses: vou andar extremamente ocupado em razias pela Estremadura, a pôr a ferro e fogo a Andaluzia, a desertificar a Serra Nevada (sobretudo de turistas, para lhes arruinar o turismo parolo) e, nec plus ultra, a violar chicas ali prós lados da Meseta. Hei-de flagelá-los com tal rigor, que, diabos me levem, se, em menos de dois meses, não hão-de andar de joelhos, aos gritos, a implorar a Deus por tsunamis e dilúvios alternativos. (Nota: não esquecer de passar por Andorra para ver a que preço estão os Hi-Fis).
Entretanto, caso os olivenses (ou olivenceses, ou olivedosos, ou lá o que são) actuais, segundo malsinam certas línguas escamosas, não nos receberem com a aclamação e fanfarra devidas, e, pelo contrário, escandalosamente, nos presentearem com umas lúgubres trombas cravejadas de olhos de carneiro mal morto absolutamente remelosos, fazemos como os primeiros cruzados na Santa Jerusalém libertada: passamo-los de mal-mortos a bem-mortos. Em três tempos. É esse, aliás, um costume típico destas romarias, um procedimento que fica sempre bem em qualquer festividade, e como "ética" quer dizer "segundo o costume" tratamos de fazer "segundo a ética". Sobretudo, para que depois não apareçam aqueles estrábicos torcicolados da ONU, que só vêem para um lado, filhos da puta, com conversas parvas de crimes contra a humanidade e queixinhas palermas de famílias pulverizadas sem mandato internacional ou valas comuns desrespeitadoras do PDM. Que pandilha! Julgam eles que quando um herói está com a mão na massa, assoberbado num alto empreendimento, tem tempo e disponibilidade para minudências?!...Irra, paladinos do ar condicionado, é o que eles são. Ordenhadores do palanfrório! Burocratas de merda, sempre com a mania dos alvarás, das resoluções, das assembleias gerais. Beija-cus dos americonas, um pénis os fecunde!
Creiam-me: nunca as circunstâncias, cá e lá, e em toda a parte, foram tão propícias. Basta reparar, com olhos de ver, nos astros e respectivas confluências. Perguntem ao Delgado, à Helena Matos, ao Almôndega Prado Coelho, ao João Miranda (a pedido da Zazie, não digam nada ao VPV). Ide mais longe, se a certeza científica vos apoquenta: matai um galo preto e espreitai-lhe as vísceras; depois um galo branco; depois, uma galinha careca e, finalmente, por via das dúvidas, uma carpa dourada. Mesmo as fezes dos recém-nascidos, emulando Picasso, ultrapassando Miró, não falam doutra coisa. Multiplicam-se os prodígios.
É a hora! Às armas!
Tanto desempregado que anda para aí ao alto, a coçar a micose; mais outros tantos funcionários públicos, do quadro, inamovíveis, sedimentários, obesos, a precisarem de exercício; e igual hoste de gays e ateus suicidas, habituados aos rigores da campanha e ao trabalho de sapa; para já não falar nos políticos ociosos, nos jornalistas sanguinários e nos - sobretodos ferozes, impiedosos, carniceiros - bloguistas liberais (incluindo-se neste termo geral todas as diversas e incontáveis seitas, estirpes e castas: neoliberais, anarcoliberais, conoliberais, pimboliberais, liberais gays, liberais ML, liberais TDI, liberias DDT, 605 Forte, SOS-prostituta, cartel de Medelin, "A Mão Invisível", "O Pé Invisível", esquisoliberais, Testemunhas de Bush, Igreja Universal do Reino do Tio Patinhas, Fãs do Capitão América, etc, etc, etc). Basta mobilizar toda esta gente, que diabo, municiá-los dum objectivo, documentá-los da peregrina táctica e inseri-los numa estratégia mirabolante, mas vencedora. Dai-me uma ideia fixa, que eu dou-vos uma alavanca capaz de jogar bilhar com planetas!...
Dir-me-ão, os cépticos bananas do costume, que eles, os Castelhudos, têm a Divisão Não Sei Quantos, mais o Batalhão Fulano de Tal e ainda um Porta-Aviões todo equipado, pintado de novo e com muitas bandeirinhas, enquanto nós nem submarinos decentes e modernos temos: os que submergem não emergem, e o que submerge e emerge não navega.
Realmente os submarinos davam jeito, um jeito do caraças...certamente para irmos Tejo acima e atacarmos Toledo. Depois, criada a testa de ponte, retrocedíamos até Alcantara (em Espanha, não confundir com aquela zona de discotecas em Lisboa) e fazíamos um desembarque anfíbio, precedido do desfile da Banda da GNR, para dar mais colorido à cena. Aposto que seria este o plano do Loureiro dos Santos, se alguém caridoso não o amordaçasse e acorrentasse a um poste de electricidade qualquer, de modo a poupar-lhe figuras tristes, mas compulsivas, diante das câmaras duma qualquer televisão. Francamente, e depois queixam-se estes gajos que são os rabejadores da Europa!... Mas alguém precisa de submarinos, tanques, bombardeiros, mísseis, porta-aviões ou sequer porta-chaves daqueles tipo 007, capazes de tudo e mais alguma coisa, quando dispõe de "políticos de destruição maciça", várias Brigadas deles; "gays e ateus suicidas", um leque completo de Batalhões de Choque, capaz de se fazerem enrabar ou cobrir de infâmia em qualquer ponto do globo; e, verdadeiro suprassumo bélico, arsenal único no mundo, "uma Mão e um Pé invisíveis" susceptíveis de todas as assimetrias e chacinas mais retumbantes?!... Tenham juízo.
Basta atentar na nossa Ordem de Batalha para perceber como estamos condenados a uma hegemonia, para já, ibérica, logo de seguida europeia e, finalmente, mundial. Considerem, fora as tropas convencionais que são despiciendas e podem ficar de piquete aos incêndios, considerem, dizia eu:
- 5 Brigadas de Políticos de Destruição Maciça
- 4 Batalhões de Choque Suicidas (o 1º -Gay Homos; o 2º-Gay Lesbos; o 3º -Ateus Furiosos; o 4º - Logística, simpatizantes e acólitos)
- 1 Corpo de exército de Jornalistas nosferatus e Necrófagos
- 1 regimento de bombeiros pirómanos
- 1 Escola Prática de Infantaria Metrossexual
- 1 Escola Prática de Cavalaria e Pingarelho
- 3 esquadrões aéreos, com destaque para os F.Abaixo-de-zero, o famoso "Esquadrão de acrobacia aérea "Os Patos Bravos""
- 1 Task Force de bloguistas Liberabundos (constituída por Gabinete de Agiprop; D.I.T.A -Departamento de Intoxicação e Técnicas de Automutilação; Brigada de Lorpas Paraquedistas e Comandos Peregrinos; Grupo Especial de Fogueteiros Pirotécnicos, etc)
- 1 Agrupamento Zootécnico, formado por um regimento de papagaios louros; quarenta pelotões de macacos de imitação; duas companhias de varejeiras jet-set e um batalhão de insectos tele-rastejantes )
- Arsenal Top-Secret das armas estratégicas de persuasão: os já lendários "Mão e Pé invisíveis".( Depois da dissuasão, eis que Portugal retoma a liderança global através do conceito de persuasão, congratulemo-nos!...)
Estais estarrecidos, não é?... O caso não é para menos. Nunca tal arsenal bélico, tal potência destrutiva, se reuniu e congregou sob o auspícios e as fronteiras duma mesma nação. São o sonho de qualquer marechal de campo em tirocínio para Deus. Mas serenai: não estarrecereis sozinhos. Em breve, todo o mundo, a começar nos Castelhudos, se estarrecerá também. Depois do polícia global americano, esse bandalho inoxidável, chegou a hora do GNR global português, esse enigma biodegradável. E onde os badamecos anglonóicos falharam na instauração forçada de democracias (ou seja, convenientes badernas na casa alheia), nós triunfaremos na sementeira de Alentejos (inexcedíveis parques de gastrópodes assimilados) até à Taprobana.
Quanto ao plano de operações para esta epopeia inaugural –o resgate de Olivença mártir, não esqueçam -, é matéria de elementar estratégia.
Em primeiro lugar, enviamos as quintas colunas infiltradas, que vão minar a vontade e a organização inimiga, já de si, segundo rezam as notícias, deveras debilitadas e previsivelmente claudicantes. Os espanhóis masculinos estão ocupadíssimos defronte do lavaloiças, a pilotar fogões ou aspiradores; enquanto os femininos fumam cigarros, mimam a carreira e vão ao psicanalista. Todos eles dormem religiosamente a sesta. Depois de almoço é todo um país prostrado no leito, a ressonar. Óptima ocasião para as nossas manobras hostis.
Para não fatigar o leitor pouco familiarizado com o léxico militar, passo a resumir o programa de festividades.
- Infiltração do Grupo Especial de Fogueteiros Pirotécnicos, disfarçado de contrabandistas de tabaco ou cabedais. Associam-se às feiras religiosas locais, sempre abundantes em honra deste ou daquele santo, e, sincronizadamente, à hora H, de dentro dos arraiais, lançam os seus engenhos infernais e pegam fogo às matas.
- A pretexto de ajuda, o Regimento de Bombeiros Pirómanos entra no país vizinho e ajuda a alastrar os incêndios, de modo a que estes irrompam alegremente pelas aldeias e vilórias.
- Entretanto, o 1º e o 2º Sub-Batalhões de Choque Suicidas (Gay-Homos e gay-lésbicas), numa ofensiva motorizada, assediam e seduzem as forças de segurança espanholas, em especial a Guardia Civil. Os Homos fazem-se enrabar heroicamente por tudo quanto é berma, gerando o pandemónio nas estradas; e as lésbicas chafurdam e lambuzam-se com não menos valentia, até à morte, de roda das chicas fardadas e das oficialas, arruinando de vez com a disciplina nas fileiras. Ao mesmo tempo, o 3ºBatalhão Suicida, o dos Ateus furiosos, imobiliza e transtorna, infernizando com argumentos absolutamente imbecis, o poderoso clero espanhol. Desamparada dos seus presbíteros, barricados e cercados nas suas sacristias, a população espanhola cairá num completo desnorte, logo seguido dum pânico generalizado, que lançará o caos nas comunicações inimigas, mergulhadas, é mais que certo, numa overdose de notícias contraditórias.
- Largada das Brigadas de Políticos de Destruição Maciça nas principais cidades espanholas. Rapidamente reforçados pelos políticos e aspirantes a políticos locais, devorarão recursos e energias, desviarão fundos e receitas, inventarão desculpas e subterfúgios, desmoralizarão à esquerda e à direita. Os sindicatos organizarão marchas e greves, os partidos farão comícios, o parlamento apelará ao Rei que, em desespero, chamará Julio Iglésias em socorro da pátria. No entanto, Julio Iglesias, conforme previsto, estará retido por uma brigada de Jornalistas Nosferatus, reforçada a uma companhia aérea de Varejeiras Jet-set e dois batalhões motorizados de insectos tele-rastejantes. Finalmente, de modo a impedir definitivamente que o colosso cante, o que seria catastrófico, senão mesmo mortífero, para as NT (Nossas Tropas), em especial para os F.Abaixo-de-Zero "Patos Bravos" e o Agrupamento Zootécnico, forças mistas da Brigada de Lorpas Paraquedistas e Comandos Peregrinos silenciarão a mais perigosa arma inimiga, através do lançamento de Misses teleguiadas que o neutralizarão sem dó nem piedade, castrando-o. O timbre vocal ficará irremediavelmente arruinado, excepto para trinados maricas, mas inofensivos, estilo "Ala dos Namorados".
- Por esta altura, já só o poderoso Estado Maior General Espanhol ainda resistirá. O general chefe estará reunido com os seus oficiais, tentando accionar o plano de emergência que movimentará as tropas e o porta-aviões que, em seu néscio entender, irão devolver a ordem e a soberania ao país. O risco da emergência dum novo Franco é por demais evidente. Momento crucial da nossa estratégia, este: o derrube do baluarte derradeiro da resistência inimiga. Terrível hora, essa, em que, com a inexorabilidade dum super-poder, faremos avançar a "Mão Invisível". (Benzamo-nos e afastai de fronte do monitor as crianças e os idosos mais sensíveis a certas cenas!...) Mas eis que a tremenda arma avança. Lá vai ela, sem que ninguém a veja... O general castelhudo debruça-se sobre mapas, traça azimutes, apascenta blindados e fragatas, orienta raides e bombardeamentos devastadores. Os outros bebem-lhe, reverentes, a peroração tonitruante; estremecem aos murros na mesa, aplaudem as retaliações arrasadoras. Lisboa não perde pela demora. A Mão, porém, invisível, já entrou descontraidamente na sala. Horror!, aproxima-se do General-Chefe e, mais inteligente que qualquer bomba inteligente, que qualquer míssil catedrático, e até mesmo que José Pacheco Pereira, não hesita e apalpa o cu ao grande estratego. Sacrílega, profana-lhe, sem remissão, o templo da dignidade máscula. Talvez seja melhor não descrever o caos subsequente; o escândalo que, primeiro, a murro e, depois, a tiros de pistola, o emérito cabo de guerra, furibundíssimo, tentará aliviar. Certo é que cinco minutos mais e com cinco coronéis a menos, o mesmo cavalheiro, na mesma zona superiormente determinada, é, podemos estar certos, de novo alvejado. Em cheio. O sistema de pontaria da "Mão" é infalível. Aí, se já tinha passado das palavras aos actos, agora, com a lógica própria da corrida aos armamentos, passa da pistola à granada. À medida que o Estado-maior, por artes auto-redutoras, vai descambando em Estado-Menor e, por fim, Estado-Mini, a "Mão Invisível", pré-programada, prossegue a sua missão aniquiladora. Já só resta o General-em-Chefe, arquejante, espumado, de olhos esbugalhados e a retaguarda dorida. Entre a caliça e o fumo levantados pela última explosão, fita, alucinado, em redor... "Puercos! Maricóns! Sodomitas!", urra, descabelado. A "Mão", ainda e sempre, "invisível", inexorável, vai aplicar o cheque-mate. Insinua-se, por baixo, entre os joelhos, sibilina, e sobe...lentamente, letal, como uma tenaz impiedosa. A vítima continua aos urros, ignorando o fatal desenlace que a espera. A "Mão Invisível", esqueci-me de dizer, tem dedos de aço invisível, é inodora mas não é molengona nenhuma. Pelo contrário, possui uma força descomunal, é mão de Hércules, com força de prensa e ganas de alicate. O efeito dominó está prestes a consumar-se. A última peça tomba no preciso instante em que a "Mão" se fecha, invisível como sempre, mas tendo com reféns (bem espremidos) os mui dignos –e notáveis à vista desarmada - tomates do bravo General. Rendição incondicional, como é evidente.
- Decapitados os exércitos, restará o Rei. Como no xadrez, não é detalhe despiciendo. Uma palavra sua pode ainda ressuscitar um país; uma interjeição sentida pode ainda reacender a resistência (o que para nós, há que reconhecê-lo, como forças invasoras, não é nada conveniente). É a torre de menagem da alma dum povo, o monarca. Pois bem, o rei não é tão poltrão como o pintam. Mais que a pátria, sente o trono em perigo. Teme pelas mordomias, tanto quanto pelos vândalos abrutalhados que aí vêm. Ouviu falar das desumanidades mentais de que os Bloguistas Liberabundos são capazes. Teme o Gulag psicológico, a deportação para o Limbo. Suspeita que, em comparação, Hitler, se calhar, até merecia o Nobel da paz. A multidão imensa, consternada, suspensa, lacrimejante, aguarda defronte do palácio. Toda a praça geme, suspira, reza. Até que o rei, num brio que foi pescar às estranhas, assoma à varanda... Clamores, gritos, delíquios... O povo, em delírio, aclama, pressente o milagre. A Espanha, firme e orgulhosa, não ajoelhará diante do invasor. No limiar da História, fitando a eternidade, o rei emociona-se. Ao fervor tumultuoso do povo, responde com uma vénia emocionada, debruça-se do parapeito para recolher as flores rubras, os olés apoteóticos, para prestar homenagem à fé inabalável das simples almas...
Sem saber que, secreto e letal, como a "Mão", bem atrás de si, se embosca, armado e catapultante, o "Pé Invisível"... (Tumph!...)
Que ninguém duvide: Olivença é nossa!
Sem comentários:
Enviar um comentário
Tire senha e aguarde. Os comentários estarão abertos em horário aleatório.