quarta-feira, abril 26, 2006
Canções ao crepúsculo
Quando o Homem foi à lua
tu onde é que ficaste?
Dão-te a gaja toda nua
tiram-te a força na haste.
Quando descobriram a pólvora
tu o que é que descobriste?
Estavas a meio entre a nódoa
de sebo e o chispe?...
Quando te baixaram as calças
tu o que é que imaginaste?
Que era água das malvas
que era um prazer, deixaste...
Quando te venderam banha
tu o que é que compraste?
Para santo falta-te a senha,
para homem o guindaste.
Não me digas, não me sigas
não me culpes, não me absolvas
não me ames, não me chames
não me lixes, não me fodas!
Já estás bem na merda
mas a febre persiste,
Se morreres é uma perda
caga, logo existe.
Já te atolas em direitos
já podes apregoar disparates,
Já te mimam os eleitos
Só te faltam os tomates.
Já adoras outra vaca
já culminas outro cano,
Já consagras outra data
já conspurcas outro ano.
Já quase chegas a Marte
já só pedes a Lua,
A costura é uma Bela-arte
cada século tem a sua.
Já emolduras a tromba
com um esgar meio amarelo,
A festa foi de arromba
A vida, essa , é a martelo.
Já esticas as beiças
numa espécie de vocábulo.
Já abandonas as berças
na demanda doutro estábulo.
Não me grites, não me imites
não m'embrulhes nessas modas,
Não me leves, não me cegues
não me salves, não me fodas!
Casa tu com essa vida
guarda as vantagens todas
Mas não me venhas com tretas
não me dês palmadinhas, não me fodas!...
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