A Legião Estrangeira...Um caso de política de emigração plenamente conseguida, em França. Jovens plenamente integrados na sociedade e no país que os acolheu. E aqueles que, pela sua idiossincrasia, estão mais aptos a encetar um dálogo clarividente e vigoroso com os outros "jovens", os tais em pé de guerra.
- Sr Chirac, sr. Villepin, mandem retirar a polícia, urgentemente! Só piora as coisas, só agrava a chaga! Não se trata manifestamente dum mero problema de ordem pública. É, outrossim, um problema de comunicação, de ausência do interlocutor apropriado. Que não é, de todo, a polícia. Mandem avançar os páras da Legião. Basta ouvi-los cantar "Camerone" e é um instante enquanto a concórdia e a reconciliação prevalecem. Eles são óptimos para cerzir tecidos sociais danificados.
- Sr Chirac, sr. Villepin, mandem retirar a polícia, urgentemente! Só piora as coisas, só agrava a chaga! Não se trata manifestamente dum mero problema de ordem pública. É, outrossim, um problema de comunicação, de ausência do interlocutor apropriado. Que não é, de todo, a polícia. Mandem avançar os páras da Legião. Basta ouvi-los cantar "Camerone" e é um instante enquanto a concórdia e a reconciliação prevalecem. Eles são óptimos para cerzir tecidos sociais danificados.
Chamo a atenção para uma divergência, polida e civilizada, mas firme, que decorre entre mim e vários digníssimos bloguistas, sobre esta matéria. Basicamente, eles acham, para não variar, e por efeito de formatação ou cassete, que se trata dum problema essencialmente social; eu considero que, cada vez mais (e em cada dia que passa nestas circunstâncias, agravando-se), se trata dum assunto do foro militar.
Não reclamo o património da razão.
O futuro dirá qual das perspectivas mais se aproxima da realidade. Eu, para bem de todos nós, sinceramente, espero que seja a deles.
É que a França, nos últimos duzentos anos, adquiriu o péssimo hábito de exportar tumultos. E tumultos e violência já o mundo tinha que sobrasse.
Punhamo-nos no lugar do Sarkozy, em 2005.
ResponderEliminarQue fazer, deve ele perguntar aos botões a cada manhã em que acorda e ouve que durante a noite foram incendiados mais não sei quantas voitures civiles e mais não sei quantas instalações scolaires?!
Arregimentar mais tropa para- militar e ir em busca dos desordeiros que as direcções locais de polícia lhe dizem serem poucos, isolados, mas tecnicistas de guerrilha urbana aprendida e jogos de vídeo?E
Encurralá-los nas tocas de onde saiem todos dos dias?!
Esperá-los nos bairros?
A táctica está a revelar-se frustrante e de pouca valia.
Os guerrilheiros do video movem-se facilmente a coberto da noite, motivados pelo instinto de destruição anárquica e já se comunicam entre si através de sms.
COmo não são dirigidos por ninguém a não ser um mesmo estado de espírito, fazem como os suicidas no Iraque: são heróis por conta própria.
Segundo notícias recentes, o vírus alastrou à Alemanha e á Bélgica.
Esperemos que não degenere em pandemia.
Parece-me, neste caso, caro Dragão que a violência policial,já não vai resolver de per se.
Deus queira que esteja enganado.
josé, a minha dúvida é não serem dirigidos por ninguém. Há coisas aí que não batem certo. Particularmente as reivindicações por escrito e os encontros entre "representantes" e entidades oficiais.
ResponderEliminarEstamos no Ramadão, meus caros. É impensável que miúdos de 10 e 15 anos tenham meios sozinhos para fazer molotovs e que mais ninguém entre ao barulho.
Se assim fosse como se explicava o súbito interesse e convocatórias partidárias que só falam em disputas eleitorais e divisões entre o primeiro e o Sarkozy -que dizem que até quer ser candidato ao lugar?
Não sei mas o facto de isto alastrar também entre muçulmanos e não alastrar entre outros marginais também será apenas por uma questão numérica?
Ora bem. Eu não discordo totalmente do argumento acerca da utilidade da Legião Estrangeira, uma instituição bem francesa, après tout.
ResponderEliminarDo que eu duvido é da eficácia da medida...até porque a Legião, não vai à Alemanha nem à Belgica.
E combater émeuteurs com cânticos guerreiros, apodando-os de bandalhos, sem cerimónia, já se viu que pode não ser lá muito boa ideia.
Se paralelo pode ser feito, em 68, no Quartier Latin, também soltaram os cães e de pouco adiantou para estancar os tumultos que fizeram voar pedras da calçada e barricadas com pneus velhos.
A repressão teve um efeito: a demissão do próprio Géneral!
Ora, atiçar a Légion para os bairros, é como mandar cães apanhar ratos!
Quem apanha bem ratos, são...os gatos!
Aí, desculpa, ó José, mas não és perito na área. Tudo depende do planeamento da Operação, das Informações e duma série de quesitos de ordem técnica e táctica.
ResponderEliminarOs Franceses têm experiência de coisas destas. A Legião e os Páras Coloniais, em 1957, se bem me lembro, limparam o Casba de Argel, sem barulhos e nas calmas. Era um vespeiro lendário e foi uma operação memorável. Recordo ainda que se tratava duma guerrilha feroz e organizada, composta de bombistas desapiedados, o que na altura enfrentaram. Chama-se mesmo "Cerco e Limpeza". na gíria, diz-se "pentear". Precisamente porque é metódico, organizado, a fundo, os riscos são muito menores que as operações clássicas da polícia. Acrescido que, caso não saibas, as polícias são geralmente muito mal treinadas e formadas (contenção de despesas e custos, dizem os políticos). É suposto lidarem com rotinas, não com emergências. Achas que o que se está a passar -e já lá vão 11 dias - em França, é rotina?... :O)
Tudo isto só para te garantir que não é de todo irrealista a ideia. Se bem que, aqui entre nós, eu uso-a basicamente para chatear os avestruzes. Dig?...
A casbah de Argel, em 1957?
ResponderEliminarAssim?- como diz aqui:
"Dividida a cidade em quatro zonas militares, a Casbah, o velho bairro medieval onde se abrigava a população pobre de Argel, um forte núcleo da resistência ao colonialismo, foi presa dos zuavos, as tropas mercenárias a soldo da França. Era um intricando sem-fim de ruelas, um labirinto de milhares de casinhas coladas umas nas outras e que podiam tornar-se mortíferas para as tropas de ocupação. Na retaguarda deles caminhavam os “leopardos”, a elite da 10ª divisão de pára-quedistas, assim chamados pelo seu uniforme camuflado com pintas escuras, e também, por sua ferocidade. No alto, pelos céus da cidade, viam-se os helicópteros de guerra, Bell 47, Alouettes e Sikorsky circulando como pássaros sinistros atrás de sangue, vomitando rajadas e foguetes. Onde encontrava resistência dos árabes, Massu era implacável, ordenando a explosão do local com material plástico.
Assim se deu com Ali-la-Pointe, um dos chefes operacionais da F.L.N., morto com alguns dos seus em 8 de outubro de 1957 (episódio reproduzido por Gillo Pontecorvo no filme “A Batalha de Argel”, de 1966). Outros eram submetidos à execução sumária, à assassinatos seletivos como o de Larbi Ben M`Hidi que pertencia ao C.C. da resistência argelina e que foi “suicidado” na sua cela. De certo modo eles tiveram sorte, pois o inferno estava reservado aos que eram levados aos empurrões e arrastões para os porões do CCI (Centro de coordenação intramilitar), do DOP (Disposição operacional de proteção), ou ainda para os altos do Paradou Hydra, o posto de comando dos pára-quedistas. Destino do infeliz Maurice Audin, um professor de matemática que nunca mais foi visto. Irritava particularmente a Massu (ver o seu livro La vraie bataille d´Alger , 1971) o crescente engajamento de moças árabes na preparação dos atentados. Geralmente submissas e indiferentes às coisas da política, várias delas, para surpresa dos órgãos de repressão, tornaram-se voluntárias para carregarem armas e bombas nas bolsas e sacolas, sendo elas também presas e levadas aos trancões para os calabouços de Massu, como o existente na tenebrosa Villa Susini (**).
(**) A historiadora Raphaëlle Branche apresentou, em 2000, uma tese de doutorado de 1.211 páginas, intitulada "O Exército e a tortura durante a guerra da Argélia. Os soldados, seus chefes e as violências ilegais", concluindo que “a tortura não foi apenas ação de alguns militares sádicos e isolados. Pelo contrário, ela se inscreve dentro da história da colonização. Antes da Argélia, foi praticada na Indochina." (Edouard Bailby, Cadernos do Terceiro Mundo, nº227, 2001)"
Hummm...quer-me parecer que não será possível.
Por outro lado, vai ao Google earth ( é um espectáculo o programa gratuito) e procura as regiões de Paris onde se têm dado os episódios de violência: Clichy sur BOis; Aulnay sous Bois; Saint Denis e segundo ouvi hoje, a zona de Ivry.
ResponderEliminarConheço a zona porque tenho lá familiares perto, numa casinha do tempo da primeira guerra e numa zona pacata.
Mas a 300 metros, começa uma zona de passagem. Logo a seguir um quarteirão só de chineses; logo a seguir, árabes. E deve ser por aí que as coisas aquecem.
Quem vai a Paris pode sentir a fragrância desta violência que desponta.
Há uns anos atrás, numa zona dessas, de HLM de luxo, para os nossos padrões ( parecia a zona de Bessa Leite, no Porto), fui mordido por um cão. Só mordeu uma vez, pois da segunda levou um chuto que nem tentou novamente. Mas as calças de ganga que levava resistiram heroicamente e só sobrou uma grande negra hematomática.
Porém, o ambiente era de vizinhança cosy. Mas nem assim descobri o dono do podengo bem nutrido. Bem perguntei, agarrado à perna..."vous savez, a qui appartient le chien?!"
"Non, monsieur..." e escapuliam-se para o interior das casinhas .
Espero que lhes tenham feito umas gracinhas, a esses fdp.
Penso que a informação que foste desencantar não é brilhante. Faltam alguns episódios essenciais, nomeadamente as orgias vampirescas, durante as quais os páraquedistas beberam o sangue dos prisioneiros e o festim macabro final, em que se violaram e canibalizaram as heróicas lutadoras. A contra-guerrilha é fodida, pá!... :O))
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