quarta-feira, julho 13, 2005

Dragão dixit

Em tempos idos, eu primava por iniciar umas certas prelecções sobre "Ética" com a seguinte e provocante máxima: "Um homem não é uma puta".

Naturalmente, encontrava-me então, como ainda hoje, nos antípodas do "liberalismo".
Afinal de contas, a prostituição, justamente, é a mais antiga das profissões, o métier liberal por excelência. E paradigma.

Para quem tenha dúvidas, a título de anedota, faça a fineza de ler isto.

Como poderão reparar, a tese é antiga, quase tão antiga como a profissão: os fretes a que sujeitamos o coiro não nos conspurcam nem constrangem a psique. Em variante moderna: o que nos ocupa o cu não nos tolhe a língua. Ou ainda, traduzindo para um lema mais popular e ao nível: "olhai para o que eu digo; não repareis no que eu faço." Padre Inácio, suponho, dixit.

Por mim, não digo que as putas não tenham direito ao mercado. Respeito muito as putas, o Caguinchas é minha testemunha.
Mas há putas e putas. O critério de diferenciação, quanto a mim, sustenta-se num conceito chave: Pudor. Por incrível que pareça, há (ou pelo menos havia) aquelas que o têm. E aquelas que não.
Devo estar a ficar ultrapassado, obsoleto mesmo. Continuo a achar que, numa puta, tanto quanto um cinto de ligas, fica bem um certo recato, uma razoável sobriedade profissional. Uma certa auréola de penumbra e mistério cativa o devaneio nomadizante. Já o vir aos gritos para a rua, a vangloriar-se que a montam, à canzana e conforme calha, por valados e vãos de escada, como marketing para trolhas e camionistas poderá ser revolucionário, não discuto, mas enquanto chamariz para cavalheiros com sistemas mentais multiceluares é, no mínimo, confrangedor. E catastrófico.
É mais certo que a internem do que a fodam.
Dragão dixit.

5 comentários:

  1. Ó pá! Vai lá comentar...que estou farto de me rir.

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  2. Anónimo11:48 a.m.

    Os liberais do Blasfémias, são uns pândegos! Estou farto de me rir, com os últimos postais.

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  3. ehehehehe eu também. Esta foi em cheio ":O)))

    que diabo, há coisas que precisam de terapia de choque. E terapia de choque pode ser esta: falar claro e com todas as letras ehehehehe

    Eu, por pudor, ainda me deu para falar nas galinhas e nas raposinhas...
    sou uma toina com tanto salamaleque quando simpatizo com as pessoas ":O))

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  4. Anónimo3:40 p.m.

    Tenho estado em conversa amena com o Caguinchas, sei que sempre se aprende qualquer coisa. Quando aqui chegou, apanhou-me no vício, na blogosfera, e a sorrir. Perguntou-me logo, se já tinha lido o link? – Disse-lhe que não, que a arenga do Dragão deixa antever nitidamente os alvos e circunstâncias, em qualquer picada. E queria continuar a sorrir!...
    Insistiu e a zaragata só acabou quando concordámos que ficava dispensado de ler os comentários.
    Quando se despediu, olhando para mim, só me trouxe de volta o riso, quando me anunciou de viva voz que tinha renovado o contrato com o Dragão, em melhores condições, e sem limite de épocas...
    Nem lhe repliquei que já sabia. Mas fingi que estava a rir!
    Um abraço e bem haja.

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  5. pois eu não sou nem neo-liberal de trunfa farta ou liberal clássico de gravata apertada.
    Sou, com muito orgulho, Liberal de Barbearia...como aliás se pode ver por muitos posts do meu tasco

    :):)

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