sexta-feira, junho 17, 2005

Os Bois e os nomes

A cara Catarina (que já cumpriu o seu dever cívico, bem haja!) insurge-se no seu blog contra uma certa manada googlo-intelectualóide, se assim lhes posso chamar e se é que li bem (não devo ter lido, porque raramente acerto uma). Presumo até que estes googlo-coisos devem ser primos dos wikipedio-junkies que, por desfastio, ocasionalmente zurzo.
O único reparo que a sua prosa me sugere, penitenciando-me antecipadamente por essa audácia, é que chamasse realmente os bois pelos nomes.
Eu, que, modéstia à parte, sou perito nessa matéria, chamo sempre.
Eles, com algum pesar meu, é que não respondem. Refugiam-se em tábuas e nem de cernelha de lá saem. Às tantas, até já me interrogo se serão mesmo bois ou lapas gigantes armadas de cornos.
Mas no seu caso talvez fosse ao contrário. Talvez eles acorressem com grande alacridade e desembaraço. Talvez, acicatados de súbita coragem, desatassem a cabriolar por toda a praça. Afinal sempre lhes aumentava os visitantes. E como no fundo -dos livros, jornais, revistas e CDs até aos blogs e telejornais -, o que conta é a tiragem, o nível de audiência...
Ora, isto transporta-nos às conclusões: Hoje em dia, ninguém se importa de dar o cu (até acrescenta os oito tostões), ou prestar-se às figuras mais aberrantes e patéticas. Desde que tenha público, muito público, a assistir.
Por isso, a mesma razão que os leva a desdenhar, snobes, um redondel perdido no cu-de-judas como o meu, fá-los-ia decerto trotar felicíssimos para esse seu quase Campo-Pequeno ou Monumental de Cascais, salivando em dengosa volúpia ao brilho das luzes e da fanfarra.
Já não me lembro o que é que os antigos e medievais queriam ser. Os modernos sei que queriam ser Deus: expulsaram-no até dos céus e desataram a construir uma torre de ciência positiva, uma babel com regras matemáticas e dialecto também. Estes agora, chama-se-lhes o que se quiser, já não querem nada disso: contentam-se em ser Notícia.

5 comentários:

  1. Bolas! Já li duas vezes e ainda não percebi se isso é para me zurzir ou não! Deve ser por ainda não ter conseguido parar de rir!
    (mas lá que não chamei os bois pelos nomes, isso reconheço)

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  2. Não foi para zurzi-la. Por regra quixotesca, não zurzo senhoras.
    Foi apenas que fiquei curioso. No fundo, sou um grande ignorante de blogues e sempre que me cheira a porrada (ou esturro) quero logo ir enfiar também as metediças ventas, cumuladas de fumegantes narinas e anteparadas por apreciável chifradura.
    Mas deploro-lhe o egoísmo. Quando maltrata alguém deve partilhá-lo.

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  3. Admito que tem razão. A mim também me aborrecem os tiros disparados para todos os lados, sem acertar em parte alguma. Mas gosto tanto de atirar morteiros de carapuças...

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  4. Quando houver edição pirata online dos livros dos blogues avisem-me. Ok?

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  5. realmente, este texto não disse nada. acho que pegaste o assunto de cernelha. ou não há boi que enfrente tamanha palermice.

    escrita ibérica
    fep

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