Meu caro Dodo,
A única bandeira que este blogue ostenta está bem hasteada, à vista de todos, no mastro grande. Asseguro que não está ali por mero capricho decorativo. "Dragão" é o nome do batel. A viagem é pelo abismo e pela danação. Por conseguinte, não me considero um modelo de virtudes nem exemplo para ninguém. Mal sei estrelar um ovo, quanto mais burilar um refugado de sociedades; e ainda menos confeccionar um puré de utopias.
Diz-me o meu amigo, e eu confirmei, que o Portal Nacionalista me "nacionalizou".
Naturalmente, não pediram o meu parecer para o efeito. Tivessem-no feito e eu ter-lhes-ia sugerido, com alguma veemência, que mantivessem a categoria inicial, ou seja: "blogue irreverente". Até porque devoto às políticas, todas elas, um inoxidável desprezo.
Todavia, esta remoçada distinção que, por um lado, eu de bom grado dispensava, por outro, dá-me um certo gozo. Quando penso nas fronhas remelosas dos "democratas bem pensantes" da paróquia (de que a blogosfera é só mais uma montra), quando me lembro dos beatos antifassistas de guarda ao serralho, quando me ocorre toda esta metrossexualidade mental soberana, só me apetece é bradar: "força, rapazes! É assim mesmo! Só peca por escasso: em vez de blogue nacional, afixai mesmo é "blogue do Führer!"
Pois é, ó Dodo, se aqueles são os párias do Reino Universal dos Blogs, que se foda!...A única vaga certeza que isso me suscita é simples: nenhum deles é pior do que eu. Ora, se a minha presença, de velho pirata impenitente, não os ofende, porque carga de água havia a sua companhia de me escandalizar a mim?
Jesus, que era incomensuravelmente melhor que nós todos, também acompanhou com o rebotalho do mundo e só perdeu as estribeiras diante de vendilhões e fariseus. Por isso, se, como Ele, me crucificarem entre párias e isso, a si, o perturba ou arrepia, não hesite: faça como o outro - diga que não me conhece, que nunca me leu. Pelo menos três vezes. Antes do galo cantar. Vai ver que ainda fazem de si santo.
PS: O que me preocupa é o que eu escrevo e onde eu estou. O que os outros escrevem sobre mim, bem como onde me colocam, estou-me bem pouco lixando para isso! Quer me achem o maior, o menor, o melhor, o pior, o mais sublime, o mais reles, quer, pura e simplesmente, finjam que não existo. Quem verdadeiramente tem poder para me julgar fá-lo-á um dia destes, quando à Moira aprouver. O único com moral para me pedir contas da vida e do que fiz dela é Aquele que ma deu. A Esse, e unicamente a Esse, responderei, quando a hora chegar, do fundo da minha insignificância, da treva e da lama, mas de pé. Às poeirinhas cósmicas minhas semelhantes, sobretudo àquelas que levam já não o Rei mas o próprio Deus na barriga, a essas, especialmente, não respondo, nada tenho a dizer e apenas deixo uma recomendação: Distância!
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