terça-feira, abril 19, 2005

Melomania


Uma coisa é não gostar de Jazz. Outra, bem diferente, é achar que os músicos de jazz deviam ser abatidos a tiro. Eu, confesso, hesito entre ambas.

1 comentário:

  1. Há jazz e jazz. Para mim, há jazz intragável para os meus tímpanos: é aquele que percorre as variações possíveis de um saxofone a soprar à larga, misturado com o ronronar de um contra-baixo e o rufar repetido de uma bateria. Este trio de instrumentos pode tornar-se supliciante, mesmo que apresentado por um qualquer José Duarte.
    O jazz mais audível declina-se nas notas de um instrumento específico que não seja um saxofone tenor ou barítono. Pode ser uma guitarra de um Wes Montgomery ou mais recentemente de um Pat Metheny e creio que a sonoridade deste último, acerca-se por vezes da perfeição clássica que nos faz ver a existência de Deus...

    Agora, os berros intrumentalizados e desaustinados de um Anthony Braxton,são de facto uma tentação ao homicídio simbólico.
    Mas a harmonia também se pode ouvir numa sonoridade de xilofone em formato de vibrafone de um Lionel Hampton e ninguém pode ficar indiferente à beleza formal das inflexões jazzísticas de Frank Zappa em Hot Rats ou a certas passagens de Stephan Grapelli.
    Assim, fido de acordo num ponto:
    o instinto assassino aparece com a dissonância soprada nos saxos, em improvisaçóes intermináveis para torturar ouvidos indefesos.
    Com uma excepção: Stan Getz.
    Mas incluindo o Bird e o bebopper John COltrane e até o próprio Miles...away with them!

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