sexta-feira, janeiro 28, 2005

Interlúdio Cultural

Cumpramos uma breve pausa nas hostilidades. Estou a reunir novas pólvoras para vos elevar, ainda e sempre. Entretanto, deixo-vos com um fascinante pedaço de prosa alheia...

«Essa ideia barroca perpassa por trás de Biathanatos. A de um deus que fabrica o universo para construir o seu próprio patíbulo.
Ao reler esta nota, penso naquele trágico Philipp Batz, que se chama na história da filosofia Philipp Mainländer. Foi, como eu, apaixonado leitor de Schopenhauer. Sob a sua influencia (e, talvez, sob a dos gnósticos), imaginou que somos fragmentos de um Deus que a si mesmo se destruíu, no início dos tempos, ávido de não ser. A história universal é a obscura agonia desses fragmentos. Mainländer nasceu em 1841. Em 1876, publicou o seu livro, Filosofia da redenção. Nesse mesmo ano suicidou-se.»

-Jorge Luis Borges, “Novas Inquirições


5 comentários:

  1. "Prosalheia" cheira a vitualha rançosa, ó Dragão.
    Borges sonhou tanto que quando acordou estava cego.
    Do lado de fora.
    A propósito de pólvoras velhas, tive que arrimar umas de montante a esse flibusteiro de feira que dá p'lo nome de Nelson.Adiante, carago.

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  2. 'Flibusteiro de feira'?!
    Estou lixado. Vossa Majestade está furibunda comigo por causa da minha pequena brincadeira em comentário a um post anterior. Vossa Alteza perdoe-me, não quis, de modo algum ofende-lo. :-) (e ainda pensei eu em apresentar o seu progenitor com uma 'valise en carton' vindo de uma terra de França, livra!!!)

    O Dragão conseguiu uma proeza incrível: paralisou o SG.
    Sim, deixou de funcionar 'correctamente'.
    Vou ter que o consertar.
    Já viu o que fez?
    Uma desgraça.
    Mas fez o Dragão muito bem.

    'eunuco'?
    'cão de guarda'?

    Não. Não sou nada disso. Pode às vezes parecer, mas não sou.
    Esses 'eunucos' e 'cães de guarda' são funcionários. São (ou pretendem vir a ser) 'apparatchiks'.
    Eu não pretendo nada disso. Não ando à cata de prebendas nem despacho encomendas.
    Estou-me a cagar para eles todos. Quero também que se fodam.
    Poderia, com alguma facilidade, ter seguido essa fulgurante carreira. Mas, mais uma vez, disse não.
    Costumo dizer que 'entrei' na política (que tótó eu era...) com um pé, e saí com os dois, em grande e desaustinada correria, tal foi a súbita vontade de vomitar que de mim se apoderou. A primeira confusão gástrica foi quando percebi que o 'meu' partido era afinal...um monturo. O caos foi quando me apercebi que os outros (todos) eram rigorosamente iguais:fábricas de tachos, panelas,acéfalos e lambe-botas.
    Foi remédio santo. Nunca mais.

    Não sou Delgado nem Delegado.
    O mundo não é (definitivamente) a preto e branco.
    Não, Dragão, não creio em Bush pai (um facínora interesseiro), em Bush Filho (cândida criatura que tem aproximadamente o QI de uma alga) e nem sequer sou cliente do Banco Espírito Santo e acredito tanto no Estado de Israel como na defunta URSS,na Autoridade Palestiniana ou em qualquer outro Estado.
    Não Dragão, não creio no Mercado Omnipotente. Deixo isso para os neo-liberais, gente detentora da apurada visão típica das toupeiras e puerilmente optimista que vê o mundo através dos livros do Tio Patinhas.

    Quanto à tão propalada Democracia...OH...isso daria pano para mangas, mas sempre lhe digo que, como QUALQUER OUTRO sistema, é uma construção totalitária.
    Um totalitarismo mitigado, é certo, mas totalitarismo, pois o Homem não sabe (e se calhar não pode mesmo) organizar as suas sociedades de outra maneira.
    Se ela hoje existe (será que existe??) em Portugal, existe APESAR do 25 do 4, e não DEVIDO AO 25 do 4.
    A democracia pode funcionar como uma espécie de micro-sistema mas, quando erigido a macro-sistema....descamba naquilo que se vê: a mais desvairada oligarquia (o poder,ao longo da história, acabou por descambar quase sempre, para a oligarquia). Eleita....mas oligarquia mesmo assim.

    Liberdade de Expressão? - vai existindo nos denominados 'lower levels', ou seja, em nossa casa, na barbearia, nos cafés e pouco mais.
    Quanto mais nos aproximamos dos 'upper levels', menos liberdade de expressão existe. Chega a um ponto em que só existem vacas, bois, camelos e ursos.....todos com espírito de cordeiro, é claro. Para esse peditório já dei, e não contem mais comigo, de certezinha absoluta.
    Afastei-me também daquilo tudo sobretudo por uma razão: não gosto de fazer mal às pessoas.
    Apesar de todos os defeitos que lhe aponto, à falta de melhor, prefiro viver em democracia do que noutro porcaria qualquer pois, gradativamente, é o que mais liberdade permite, como é bom exemplo este instrumento que estamos agora a utilizar: a NET, os BLOGS....
    Mas, mesmo assim, não acalento demasiadas ilusões.
    Um dia ainda nos aplicam a Lei da Rolha. Já não digo nada...

    Quanto ao Estado apenas lhe digo que acho bem que funcione eficazmente onde é preciso: no ensino, na educação/formação e na segurança social. O resto é maioritáriamente 'gordura' ao serviço dos oligarcas e controleiros do regime, dos gabinetes com mobiliário novo a cada novo 'dignatário', as reluzentes viaturas, etc, etc.... Se o Estado deixar de sofrer de obesidade mórbida será melhor para todos nós e,como se vê (oh revelação) não estou a falar meramente de economia.

    Os ricos?
    Não tenho nada contra eles desde que tenham adquirido a riqueza legitimamente.

    Eu? Eu vivo do meu trabalho e isso me basta. Não penso tanto em 'material' como isso...
    Tenho prioridades (muito) maiores na vida que o dinheiro.
    Especialmente orgulho-me de, com 31 anos, nuca ter dado o cú. Não o dou, por mais que me queiram baixar as calças. Isso NÃO!
    Não me prostituo, de contrário já seria um pulhítico de carreira.

    Os poderosos?
    Quero (em geral) que vão apanhar no cú.
    Não me interessam para nada e, ainda por cima, tornaram este planeta numa bela bosta.

    A guerra do Iraque?
    Uma vigarice. Um embuste, naturalmente, como quase todas as guerras.
    Motivação: OIL! E nem era preciso o Michael Anacleto Moore fazer aquele filme redundante.

    O fundamentalismo islãmico (e outros fundamentalistas, que os há de várias cores e feitios): os grandes perigos do nosso tempo. Qualquer dia essa gentinha ainda nos mata a todos.

    O BE?
    Detesto-os exactamente pela correctíssima descrição que o Dragão fez deles.

    Guerra Fria?
    Apesar dos pesares, antes terem ganho os EUA (país curioso que reune em si o excelente lado a lado com o péssimo) que a URSS (sigla eufemística que designa habitualmente o maior campo de concentração e extermínio da História). Já imaginou uma vitória da URSS?
    Orwell descreveu esse cenário.

    Quem me conhece pessoalmente sabe do prazer que me dá o blog(ue).
    Nele provoco. Acicato a polémica e gosto de escandalizar. De agitar.
    Adoro verificar algumas reacções pavlovianas que se desencadeiam por aí (não estou de modo alguma a falar de si) quando se abordam alguns temas (é de ir às lágrimas quando me chamam nazi). Uns berram de uma maneira...outros desatam em choradeira pegada de outro maneira.
    Além de 'agent provocateur' gosto da blogosfera porque, em geral, se aprende, e eu gosto de aprender. Sou curioso por natureza.

    E acho que neste blog(ue) se pode aprender algo.

    Saudações cordiais, apesar de o Dragão me ter enguiçado o blog(ue).

    Que vou fazer agora?
    Fundo de desemprego, pois então :-))

    Nelson Buiça (sobrinho-bisneto de um idiota)

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  3. Confirmam-se as minhas suspeitas, ó Nelson: afinal, você, não é burro de todo. Faz-se mais do que o que realmente é (sem esquecer que sê-lo, na medida em que Deus distribui, somos todos).
    A forma como trata a língua portuguesa sempre mo indiciou. É um critério a que recorro por princípio e que, salvo anedóticas excepções, raramente falha.
    Diz-se que o fogo purifica. "Ígneo", aliás, na nossa pátria lígua, descende de "agnos", na matriz helénica, onde significa precisamene "puro","incontaminado". Fez-lhe bem levar com uma quantas labaredas.
    A arte desta vida, parece-me, é libertarmo-nos do que está a mais, do que não nos pertence, do que nos querem impingir. É uma espécie de escultura. O escultor não acrescenta: retira, descobre, revela.
    Portanto, faça-se ao mar. Mas arreie essas ceroulas hasteadas no mastro grande, à maneira dos corsários. Nós, piratas, votamos um desprezo visceral a corsários, a cães de fila. Liberdade, meu amigo, só há uma: a do espírito. Ice a bandeira negra (eu explico-lhe o que significa: "sem tréguas! até à morte!") e largue a todo o pano prós abismos. Oiça as ondas, escute as sereias, beba o horizonte, inspire a brisa, e sinta a diferença!...

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  4. Porra! Estou sem palavras...
    :)

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  5. O "sem palavras" sou eu.
    A

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