Falhou a pantera, mas acertou no leão. Abateu três elefantes e só então o rinoceronte lhe virou o Jeep. Fez meio deserto num camelo e o resto numa avestruz. Escapou miraculosamente aos tuaregues e, por pouco, não era abocanhado por um crocodilo.
Encontrou-a, por fim, deslumbrante, às margens do Nilo.
Acabando de estrangular a jibóia, encarou-a, pupilas nas pupilas, numa promessa inequívoca de orgasmos eternos. Ela estatuiu-se, hipnotizada, a babar-se. Ele, num rompante másculo e dinâmico, sacudiu a tarântula do ombro, rebentou os botões da braguilha (ou o fecho éclair, se preferirem) e lançou-se, em voo picado, qual falcão peregrino, sobre tamanho portento da natureza. Rebolaram sobre a relva, num apocalipse de carícias, pulverizando roupas e esguichando urros. Dentro dele rugia um vulcão, dardejava um aríete; do lado dela pulsava um buraco negro, fremia todo um portal de volúpia. De como se entrechocaram, resfolegaram e, feitos hecatombe cósmica, refizeram as origens do Universo, deixo à imaginação do leitor.
Aproveitando uma pausa inopinada –enquanto ele corria a pontapé duas hienas mais atrevidas e esmurrava um gorila voyeur –, num momentâneo intervalo entre assaltos, ela foi buscar duas garrafas de coca-cola bem geladas.
Voltou em menos de nada, com as bebidas e um sorriso misterioso, giocondino. Ele, acabando de pôr KO o macacão, convergiu disposto a tudo.
Agarrou na garrafa que a beldade escultural lhe estendia e, voraz, solene, descomedido, a porejar testosterona, sacudiu um escorpião do bolso e verteu o refrigerante todo, dum gole só, através da goela sequiosa e consumptora. Ouviu-se um som frigitivo, a lembrar a efervescência do ácido sobre a pedra. Só então ele arregalou muito os olhos e desabou para a frente, em espasmos, palco duma congestão fulminante. Ou corrosão, tanto faz. Partiu o pescoço na queda, num nítido estalar das vértebras cervicais.
Quedou-se, por fim, lívido, hirto, definitivamente morto. Incapaz sequer de sacudir as formigas que trotavam já, ao assalto, por ele acima.
Ela foi colocar mais duas garrafas no congelador.
Quedou-se, por fim, lívido, hirto, definitivamente morto. Incapaz sequer de sacudir as formigas que trotavam já, ao assalto, por ele acima.
Ela foi colocar mais duas garrafas no congelador.
Acima de tudo, não gostava de ser apanhada desprevenida.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Tire senha e aguarde. Os comentários estarão abertos em horário aleatório.