sábado, novembro 27, 2004

A Pedocracia

Enquanto o PCP, último baluarte da esquerda operária e da religião marxista-leninista, prossegue a sua alegre fossilização (louve-se-lhe a coerência), no pólo oposto (mas, ao fim e ao cabo, não muito) os partidos mais ou menos liberais (e mais ou menos iguais), aos comandos do Eldorado, não se cansam de empinar copos na Fonte da Eterna Juventude. Se aqueles fossilizam, estes rejuvenescem desenfreadamente. Ao Parque Jurássico de uns, opõem os outros o parque infantil. Poder-se-ia dizer "venha o diabo e escolha", mas o mais correcto era mesmo dizer-se "venha o Diabo e leve-os a todos para o parque de diversões que tem lá nas profundezas!"
No meio disto tudo, não admira que o putativo eleitor desespere. Se se fantasia em trajes esquerdistas, depara com broncossauros e tiranossauros rascas; se se imagina enfarpelado às direitas, dá de caras com chavalinhos queques de farta trunfa e carinha imberbe. A bancada parlamentar do PP, quanto a isso, é paradigmática e superlativa: sugere que a digna sala de espectáculos vive em contínua e gralhante matiné. Aos pequenos Nunos Rogeiros em gestação, só lhes falta mesmo pipocas no respectivo balde, porque, quanto ao resto, já em nada deslustram do seu ídolo sénior, nem dos seus modelos "teens" de "Beverly não sei quantos".
A política, por este caminho, corre mesmo o sério risco de descambar num ramo da puericultura. E a democracia, à força de jotinhas emperucados e sabujantes, de redundar numa pedocracia babélica. O país, esse, fica condenado, um dia destes, a ter que limpar o cu a meninos.

5 comentários:

  1. e já agora porque não o sebo?...Sempre se poupava detergente!...

    T.L.

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  2. De facto...é toda uma política em regressão ás fraldas.

    Luís. A.

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  3. Mais uma vez, ó Mestre, galopas e fertilizas a verdade!...

    Besta do Apocalipse

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  4. O editor Nelson de Matos, numa entrevista ao Expresso de ontem( suplemento Actual) dizia ao citar Vergílio Ferreira que por sua vez citava Léon Chèstov que os jovens matam e comem os velhos.
    Dizia isso a propósito da sua substituição na D. Quixote, por jovens turcos que discordavam da sua visão de orientação da editora.
    É um problema bem antigo e que há uns anos suscitava a questão do conflito de gerações, atenuado nas últimas décadas, mas notória nos anos sessenta.
    Diz ainda o NM que "Tem sido um facto natural a substituição de pessoas experientes por outras mais jovens e atrevidas. A experiência hoje, temn pouco valor."
    Não se sei se será assim, em geral. O que sei, porém, é que há de facto para aí uma arrogância macaca de alguns jovens promissores que são uma nulidade para a arrogância que têm e para as ideias que passam para o passante leitor, eleitor e colector.
    A geração de Nelson de Matos, hoje no fim dos 50, tinha 30 anos, no 25 de Abril. A idade de alguns dos mais cretinos que há por aí, hoje em dia.
    Nomes?! Se for preciso ponho já! E começava logo pelos pretensos homoristas que por aí fazem de bobos, sem graça senão a que eles próprios acham. Eles falam, falam, falam...

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  5. é.. josé... eu não gosto muito de pensar no assunto que dá ideia que já estamos a falar por nós mas a verdade é que são os tempos dos novos bárbaros, como lhes chama um amigo meu. Se essa juventude toda é excelente em questões teóricas (e aí a média de pós docs está cada vez mais baixa) já na política e no poder e em tudo que é instituição me cheira a demasiado arrivismo. Mas, se formos a ver bem, não é só por mérito dos caciques jotinhas- essa praga da democracia- também ainda é o velho sistema da cunha a funcionar. É pegar nos apelidos e começar a ver, um por um, de quem são filhos essas "crianças" todas e vão ver que não há assim tanta "novidade" como à primeira vista parece... ";O))

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