quarta-feira, junho 09, 2004

FORÇA PORTUGAL!


Em homenagem ao nosso Euro 2004 que está aí a rebentar...
E já que hoje estou em maré de livros, aqui fica mais um. Se passarem pela Afrontamento, procurem lá o Eduardo Mendoza. A obra chama-se "O Mistério da Cripta Assombrada". O herói do romance, internado justamente num manicómio, inicia assim o relato das suas aventuras (e desventuras):

«Tínhamos entrado a matar; podíamos ter ganho. A táctica, passe a imodéstia, por mim concebida, o treino duro a que tinha submetido os rapazes, o brio que lhes tinha inculcado à força de ameaças eram outros tantos elementos a nosso favor. Tudo ia bem; estávamos quase a marcar; o inimigo estava condenado. Era uma bela manhã de Abril, fazia sol e notei de relance que as amoreiras que rodeavam o campo apareciam cobertas de uma penugem amarelenta e aromática, indício de Primavera. A partir daí, tudo desatou a correr mal: o céu cobriu-se de nunvens sem aviso prévio e o Carrascoza, o da sala 13 a quem eu tinha encomendado uma defesa firme e uma actuação contundente, atirou-se ao chão e pôs-se a gritar que não queria ver as mãos tintas de sangue, coisa que, aliás, ninguém lhe tinha pedido, e que a mãe dele, lá do céu, estava a censurar-lhe a agressividade, que não era menos culposa pelo facto de ser imposta. Felizmente, acumulava eu as funções de avançado com as de árbitro e consegui, mas não sem protestos, anular o golo que acabávamos de sofrer. Mas sabia que mal começasse o descalabro já ninguém o deteria e que a nossa sorte desportiva estava por um fio. Quando vi que o Toñito se empenhava em mandar cabeçadas à trave da baliza rival, cortando-se diante dos passes em profundidade e, para quê negá-lo, rigorosos, que eu lhe lançava do meio campo, compreendi que não havia nada a fazer e que tão pouco naquele ano seríamos campeões.»

Penso que não era o Scolari.

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