O que é "ser liberal"?
Politicamente bissexual, digo eu. Estou meio no gozo e a usar de metáfora, porque, exactamente, ninguém sabe. Nem os próprios. Questionados -"você, afinal, é homo ou é hetero"?-, respondem: tenho dias; é conforme; depende...
Enfim, está na moda. O Chico, o Zé ou o Francisco também são. Até escrevem artigos nos jornais. Isto de dar prós dois lados é só vantagens e o dobro das oportunidades.
Num tempo de crise e de ausência de referências ou valores, mais que cavalgar a onda, convém não fazer ondas. O "politicamente correcto" equivale à pastilha placebo que importa mascar. Mais que qualquer outro, o chamado "liberal" segue à tona, à superfície, o mais flutuante e enxuto possível. O passado e o futuro não lhe interessam, nada lhe dizem. Barrica-se no presente, entrincheirado na situação e na conjuntura, e recusa-se a espreitar para lá disso. Contempla o mundo, em posição intra-uterina, através do caleidoscópio do seu umbigo. É ele, indivíduo, o alicerce do mundo; o mundo é uma mera ectoprojecção sua.
Essencialmente amorfo, abúlico, indiferenciado, desliza, sem vértice nem vértebra, pelas aparências das coisas.
Apresentem-lhe uma ideia, seja ela qual for, sobre o que quer que seja, e o seu veredicto implacável não tardará: "Extremista!..."
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