O Maniqueísmo baseava-se na crença na existência de dois princípios opostos e inconciliáveis - um, naturalmente, bom; e outro, naturalmente, mau.
Em larga medida, até pela origem geográfica, tratava-se duma variante tardia do mazdaísmo.
O Neo-maniqueísmo baseia-se em idêntica crença, promovida, entretanto, a dogma. Insere-se na panóplia retórica do neo-liberalismo e corresponde, fulgurantemente, à sua mística. Mas vai mais longe que o seu antepassado. Possui uma mira ontológica de alcance ilimitado. Não se trata apenas, agora, de os americanos capitalistas serem os bons e todos os que não colaborem com o seu enriquecimento exponencial os pérfidos e empedernidos de maus. Não, doravante, bom, santo, imaculado é também tudo o que os bons fazem ou mandam fazer. Mesmo que na aparência em nada se distinga dos hediondos actos dos maus. Pois, mesmo nesse complexo caso, não há que haver alarmes ou dúvidas impertinentes - a doutrina tranquiliza-nos: a essência é que conta. E aí, na essência, garantem-nos todos os seus profetas e beatos, até os actos infames são excelentes.
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