quinta-feira, janeiro 01, 2004

UMA QUESTÃO DE SEGUROS

Ocorreu-me esta questão que julgo da maior pertinência e outra tanta urgência: Porque é que o seguro para quem conduz um veículo é obrigatório e não é para quem conduz um país?
É de bradar aos céus: um tipo que conduz um automóvel pode causar danos, a terceiros, a quartos, a quintos, a ele mesmo; e, por isso mesmo, o bom senso e a lei obrigam a que se salvaguardem os prejuízos causados. Mas, ora bolas, quem conduz um país não pode causar mais e piores danos ainda? Não só pode, como, na maior parte das vezes, causa: atropela, abalroa, colide, despista-se, polui, e tudo isto sem qualquer cobertura de risco ou dispositivo de protecção aos prejudicados e, sobretudo, às vítimas.
Pior que isso: regra geral, entregam-se a essas frescuras na maior das impunidades e desplantes. Não raramente, até por puro capricho. Pense-se nos milhares de desempregados vítimas de atropelamento e fuga, por parte da Dra Manuela Ferreira Leite e do Dr Durão Barroso nestes últimos dois anos, só por causa da fantasia do défice. Arrepiante, não?...
Posto isto, é da mais elementar justiça que o parlamento legisle sobre a obrigatridade do seguro para os governomobilistas, tal qual já sucede com os automobilistas. Só que, para aqueles não basta apenas um seguro contra danos causados a terceiros: impõe-se a obrigatoriedade dum seguro contra todos os riscos. Ah, isso sem sombra de dúvida! Um pacote completo e integrado que abranja negligência, deficiências várias, temporárias ou permanentes (como cegueira, surdez, insensibilidade à desgraça alheia, alergia ao trabalho, etc); incêndio; falência e desemprego; fraude e abuso; favorecimento ruinoso; terramoto; inundações; doença (especialmente do foro psiquiátrico, incluindo psicopatias e perversões); desastre rodoviário, ferroviário e aéreo; assalto à descarada, a coberto de instituições estatais; fuga organizada aos impostos; naufrágio; furto (com instigamento prévio); desbaratamento de herança; etc, etc.
No meio de toda esta reforma urgente só se vislumbra, há que reconhecê-lo, um problema: é que, à semelhança dos veículos motorizados, também no caso do governo, não é plausível que haja alguma seguradora que aceite cobrir os riscos de chimpanzé ao volante. Mesmo que seja o ano do Macaco que aí vem, não acredito que eles vão nisso.
E é pena. Porque, assim sendo, nada feito. Lá se vai mais uma boa ideia pró caixote!...


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