A taxa de suicídio no exército americano, em consequência da guerra no Iraque triplicou. São os próprios psiquiatras e psicólogos desse mesmo exército que o revelam. Mas não era preciso darem-se ao trabalho. Nós já calculávamos. Bastava ler as notícias que, diariamente, os media ocidentais publicam. Nenhum helicóptero é abatido: todos caem; as forças americanas, dum modo geral, ferem-se ou matam-se sozinhas. Isso só pode ter uma explicação: Entediados com a rotina, alucinados pelos enigmas do deserto, os bravos americanos entram numa espécie de transe belopata e suicidam-se. À falta de inimigos de jeito, atiram nos colegas ou aliados mais à mão. Afinal, estão numa guerra: é suposto matar e morrer. Faz sentido. Outra forma seria mesmo impensável: o único adversário à altura de Rambo é ele próprio. A propaganda tem regras.
De resto, é toda uma máquina perfeita e oleada, prisioneira dos seus próprios tiques e automatismos. Na conversão obsessiva ao gatilho, perde-se, muitas vezes, de vista o cano e o aparelho de pontaria.
Não surpreende pois que, chegados de licença, a Fort Briggs, vários rangeres continuem a disparar: agora sobre si próprios e respectivas. É a força do hábito. É compulsão (ou impotência) adquirida.
Disparar ou bombardear, no fundo, são sinónimos. Para os americanos, já sabemos como isso é essencial, espelho da existência. Sobre míudos na escola, sobre árabes no deserto, sobre as mulheres em casa, tanto faz. É a disparar que eles se entendem.
A eles próprios.
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