O Presidente Gorge Sampaio ficou afónico. O que começara por ser uma euforia, transformou-se, a breve trecho, numa afonia. Recordemos um breve e sintomático trecho da notícia (com que nos brinda o "Correio da Manhã"):
"No final de uma "peregrinação de optimismo" pelas empresas de sucesso da região, que teve de encurtar por ter ficado quase sem voz, Jorge Sampaio manifestou-se satisfeito com a deslocação."
Antes de tudo, há que convir: pra quem foi eleito para palrar e habitar aquele edifício do estado que fica ali pra Belém, ficar afónico é uma lesão grave. Gravíssima... O equivalente a uma rotura dos ligamentos cruzados do joelho num craque da bola.
Incapacitado para a palração, resta-lhe, pois, ir habitar o tal edifício público.
Mas essa não é a questão principal; a questão principal é: "como é que o presidente se lesionou?"
A notícia explica-o: Parece que andava numa "peregrinação de optimismo", (na expressão feliz do jornalista, para variar; aliás, a felicidade do presidente irradiava tanto que se propagou, osmoticamente, à comunicação social).
Era, portanto, um presidente eufórico em perambulação leibnitziana, ou seja: em périplo pelo melhor dos países possíveis. E onde quer que parasse, dava-lhe a inspiração peregrina e, com a fatalidade monocórdica que se lhe reconhece, lá saía peroração satisfeita, incitamento solene à parvo-alegria.
Porém, alguma fada mal disposta não terá gostado da conversa. Acho até que foi a mesma que terá armadilhado o naríz ao Pinóquio. Neste caso, com inexorabilidade idêntica, embirrou com as cordas canoras do nosso Gorge Sampaio. Resultado: Este disse tantas ou tão poucas, que ficou afónico. As cordas enrodilharam-se todas umas nas outras, num novelo impraticável. E ainda ia a meio da "peregrinação optimista", vejam lá bem!...
Em todo o caso, admito: também pode ter sido a Bruxa Má da Bela Adormecida, aquela que não suporta ver ninguém feliz. É que a felicidade do Gorge estava, realmente, a ser irritante e despropositada...
Mas, sabem que mais? Tenha sido uma ou outra, foi muito bem feito: prás banalidades inóquas que o Gorge cisma de gorgear, vale mesmo mais é estar calado!
E já que é Presidente sem República, que fique também cognominado o Gorge Sem-Pio!...umpfh!!
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