II
Era domingo. Lancelote saíu prá caça. Com o cão.
Perseguia dragões pelo lago, quando, na outra margem, avistou um brilho. Parou nos atentados à ecologia e remou para terra. Cheio de curiosidade, desembarcou. O cão também.
Muito admirado, deparou com uma linda jovem, em belos trajes, que jazia adormecida, numa espécie de transe mágico. Aliás, jazia mesmo num transe dessa qualidade. Entre deslumbrado e estupefacto, Lancelote admirava o prodígio.
O cão, entretanto, não se admirara nada e, sem perdas de tempo, inspeccionava-a, farejante. Acabou por lhe dar duas lambedelas nos lábios, abanando a cauda. Gostava dela. os cães são assim, quando simpatizam com uma pessoa...
Ela abriu de imediato as pálpebras e fitou, desencantada (e, a seguir, desiludida), o seu salvador. Mas as leis das histórias e das fadas são inexoráveis: não se podem abrir excepções. Por isso casaram e foram ser muito felizes pró castelo do pai dela.
Lancelote contentou-se em ser o padrinho. Do cão.
Nunca mais caçou dragões. No lago.
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