Para que não digam que eu sou um cabotino, um peneirento que só vem pr'aqui desfiar auto-elogios, enfim: um onanista da prosa, passo, a partir de hoje, a publicar aqui neste blog as aventuras do meu arqui-inimigo, o Sir Lancelote (meu e de toda a minha família, vai pra mais de mil anos, diga-se de passagem).
I
Avistou o castelo. Ao longe. No alto. E na torre mais lúgubre, à janela, uns cabelos louros cintilando...
Esporeou a montada, heróico e resgatador. Brios de cavaleiro, pois. Antevia-a já nos seus braços, livre e agradecida. Apaixonada também. O pacote completo.
Estava quase a chegar, quando a levadiça baixou e veio de lá o dragão, pirómano, a incendiar tudo (um tetaravô meu, se bem o estou a ver)...
Lancelote ajustou a viseira e preparou a lança. Aquele fato de amianto, que lhe custara um balúrdio numa feira de cavalaria, ia agora experimentá-lo. "A ciência é um progresso", pensou, firme no galope; intrépido na arremetida.
O dragão, entretanto, tradicional, cuspiu uma labareda mais certeira e fez churrasco do cavalo. Bem passado. Cheiroso.
Tão brusca e violentamente apeado, Lancelote não resistiu. Nem o dragão...
Declararam tréguas. Pró almoço. E sentaram-se. Trinchando.
-"Está óptimo!" - Exclamou o cavaleiro, com apetite.
-"Obrigado." - Agradeceu o dragão.
Na torre, triste e esfomeada, a princesa suspirou...Por uns bifinhos do lombo.
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