quinta-feira, agosto 31, 2006

Gastrópodes de armário



«Atitude "chocante e imoral"»
«ONU condena. Israel lançou bombas de fragmentação no Líbano »

Chocante?!! Imoral?!! É preciso desplante!...
Mas baseado em quê, se tece um juízo alucinado destes? Em que moral?...
Estar a julgar o Estado de Israel sob padrões cristãos quando uma série de rabis preclaros já sustentou que a moral cristã só serve para prejudicar e enlear o Estado Eleito é de uma audácia a toda a prova. E é também o que eu suspeitava: a ONU é um antro de anti-semitas ferozes e faz parte da conspiração anti-semita universal!
Se vamos meter ombros a essa tarefa espinhosa de julgar o Estado Judaico (ai de nós), ao menos usemos de critérios morais judaicos, ora essa!... Até eu, que sou um analista severo, nada condescendente seja com quem for, me insurjo e barafusto.
Despejaram bombas de fragmentação... E o que é que isso tem de extraordinário? Eram certamente as que tinham mais à mão. Queriam que atirassem quais? - atómicas? Químicas? Biológicas?...
Ou talvez preferissem que eles atirassem bombinhas de carnaval, não?! Quiçá, daquelas de mau cheiro, horríveis, desumanas, com que esverdeávamos os professores de matemática nos meus heróicos tempos de adolescer!... Havia de ser bonito!...
Em suma: eles a refrearem-se, sabe Iavhé a que custo, e a chusma a cobri-los de críticas injustas e vitupérios. Sinceramente, tenham juízo! Mais estúpido que isto de exigir uma moral cristã a judeus (era o mesmo que exigir uma moral cristã a muçulmanos, hindus ou zenóides), só mesmo usar aquele termo absolutamente cretino, ignaro e palonso de "moral judaico-cristã", ou, mais grave e anedótico ainda, "civilização judaico-cristã".
Cripto-anti-semitas do caralho!... Saiam do armário, seus filhos da puta!...

As Incorruptíveis

«Mulheres não aceitam subornos».

Isto é a mais pura das verdades. Ainda um dia destes, o Caguinchas, entre escandalizado e perplexo, me confidenciava:
-"Deus nos livre das putas especialistas, ó Dragão! As piores, vá lá o Diabo explicá-lo, são certas brochistas em part-time: por dinheiro nenhum deste mundo facilitam a cona!..."
-"E o cu? Alguma vez tentaste suborná-las atrás?" - Ainda perguntei, sinceramente curioso.
Mas o gajo já tinha desembestado pela rua abaixo, na peugada duma balzaquiana qualquer que ia a passar.
Hei-de recolocar-lhe a questão da próxima vez que o encontre.

terça-feira, agosto 29, 2006

Nova Orleães, um ano depois...



Passado um ano, o estado de Nova Orleães é este:

«- Menos de metade da população anterior à catástrofe -de 460.000 habitantes - regressou, colocando os índices demográficos ao nível de 1880;
– Um terço do lixo ainda não foi recolhido;
– Sessenta por cento das casas ainda não recuperaram a electricidade;
– Dezassete por cento dos autocarros está operacional;

– Metade dos médicos foram-se embora, e faltam 1.000 enfermeiras;
– Seis dos nove hospitais continuam encerrados;
– Sessenta e seis por cento das escolas reabriram;
– As taxas de arrendamento aumentaram 40%, afectando desproporcionadamente famílias negras e pobres;
– Houve um aumento de 300% na taxa de suicídio;
Oitenta por cento dos residentes de Nova Orleães avalia negativamente os esforços governamentais de recuperação, enquanto 66% acredita que o dinheiro para a recuperação foi "em grande parte delapidado".
»

Devém assim claramente manifesto que a "mais sublime democracia do mundo" está cada vez mais desembaraçada (e assoberbada) na destruição de infraestruturas e cada vez menos diligente, ou sequer disponível para a recuperação das mesmas. Não admira, pois, que já haja quem diga que, mesmo partindo com um ano de atraso, vai o Hezbbollah reconstruir mais depressa um país quase inteiro, que o governo americano uma única cidade.
Ah, não...isso não! Isso já é demais. Recuso-me a conceber um despautério desses!... Uma organização selvaticamente terrorista (uma "canalha assassina", como lhe chama o mija-versos) demonstrar mais responsabilidade e noção de Estado que a administração eleita da super-potência... ridicularizar assim, duma forma tão cruel e acintosa, o governo dos Estados Unidos, seria inadmissível! Pior: duplamente inadmissível! - É que depois de ter ridicularizado miseravelmente o governo da "única democracia do Médio-Oriente", vir agora também achincalhar sem dó nem piedade a "democracia modelo do Mundo", francamente, isto já ultrapassa o terrorismo: já atinge as raias do horripilantismo bárbaro e desenfreado.
Se bem que, pensando melhor, porque nos haveria de espantar? No terrorismo, como em quase tudo na vida, os que têm a fama, regra geral, nem são quem tem o proveito.

segunda-feira, agosto 28, 2006

Carta de Albert Einstein ao New York Times, em 1948

Abaixo, transcreve-se a carta aberta que Albert Einstein e vários outros reputados intelectuais judeus da época, nos Estados Unidos, endereçaram ao New York Times, em protesto contra a visita de Menachem Begin (segundo os signatários, imagine-se, um rábido e impenitente fascista).
Para quem, nos dias de hoje, em tom beato-caceteiro, enche a boca com "islamofascismos", "naziterrorismos" e outros arrotos demonológicos solenes a todas as horas, convém, até por uma questão de higiene, pudor ou simples decência, dar uma vista de olhos no espelho, antes de sair à rua. É procedimento da mais elementar prudência. Está bem que a ignorância é mãe do atrevimento e a obscenidade herdeira legítima de ambas, mas, mesmo assim, um intervalozito esporádico na estupidez vitalícia só ficava bem.
Pois, porque afinal parece que os pergaminhos não são assim tão castos e impolutos quanto apregoam. Parece que afinal não foi só o Gunther que andou pelas SS, antes de se tornar vigilante anti-faxista. Pelos vistos, a única democracia do Médio-Oriente nasceu dum cruzamento apaixonado - a coroar um romance clandestino e tumultuoso - entre o fascismo e o terrorismo. Progenitura, de resto, ainda hoje bem notória. Quem sai aos seus...
Depois de lerem a carta, dêem uma espreitadela ao "Stern Gang" e à Irgun. A sério; não percam. Uma delícia!...

«Letters to The Times New York Times December 4, 1948
New Palestine Party Visit of Menachem Begin and Aims of Political Movement Discussed

TO THE EDITORS OF THE NEW YORK TIMES:
Among the most disturbing political phenomena of our times is the emergence in the newly created state of Israel of the "Freedom Party" (Tnuat Haherut), a political party closely akin in its organization, methods, political philosophy and social appeal to the Nazi and Fascist parties. It was formed out of the membership and following of the former Irgun Zvai Leumi, a terrorist, right-wing, chauvinist organization in Palestine.
The current visit of Menachem Begin, leader of this party, to the United States is obviously calculated to give the impression of American support for his party in the coming Israeli elections, and to cement political ties with conservative Zionist elements in the United States. Several Americans of national repute have lent their names to welcome his visit. It is inconceivable that those who oppose fascism throughout the world, if correctly informed as to Mr. Begin’s political record and perspectives, could add their names and support to the movement he represents.
Before irreparable damage is done by way of financial contributions, public manifestations in Begin’s behalf, and the creation in Palestine of the impression that a large segment of America supports Fascist elements in Israel, the American public must be informed as to the record and objectives of Mr. Begin and his movement.
The public avowals of Begin’s party are no guide whatever to its actual character. Today they speak of freedom, democracy and anti-imperialism, whereas until recently they openly preached the doctrine of the Fascist state. It is in its actions that the terrorist party betrays its real character; from its past actions we can judge what it may be expected to do in the future.
Attack on Arab Village
A shocking example was their behavior in the Arab village of Deir Yassin. This village, off the main roads and surrounded by Jewish lands, had taken no part in the war, and had even fought off Arab bands who wanted to use the village as their base. On April 9 (THE NEW YORK TIMES), terrorist bands attacked this peaceful village, which was not a military objective in the fighting, killed most of its inhabitants—240 men, women, and children—and kept a few of them alive to parade as captives through the streets of Jerusalem. Most of the Jewish community was horrified at the deed, and the Jewish Agency sent a telegram of apology to King Abdullah of Trans-Jordan. But the terrorists, far from being ashamed of their act, were proud of this massacre, publicized it widely, and invited all the foreign correspondents present in the country to view the heaped corpses and the general havoc at Deir Yassin.
The Deir Yassin incident exemplifies the character and actions of the Freedom Party.
Within the Jewish community they have preached an admixture of ultranationalism, religious mysticism, and racial superiority. Like other Fascist parties they have been used to break strikes, and have themselves pressed for the destruction of free trade unions. In their stead they have proposed corporate unions on the Italian Fascist model.
During the last years of sporadic anti-British violence, the IZL and Stern groups inaugurated a reign of terror in the Palestine Jewish community. Teachers were beaten up for speaking against them, adults were shot for not letting their children join them. By gangster methods, beatings, window-smashing, and wide-spread robberies, the terrorists intimidated the population and exacted a heavy tribute.
The people of the Freedom Party have had no part in the constructive achievements in Palestine. They have reclaimed no land, built no settlements, and only detracted from the Jewish defense activity. Their much-publicized immigration endeavors were minute, and devoted mainly to bringing in Fascist compatriots.
Discrepancies Seen
The discrepancies between the bold claims now being made by Begin and his party, and their record of past performance in Palestine bear the imprint of no ordinary political party.
This is the unmistakable stamp of a Fascist party for whom terrorism (against Jews, Arabs, and British alike), and misrepresentation are means, and a "Leader State" is the goal.
In the light of the foregoing considerations, it is imperative that the truth about Mr. Begin and his movement be made known in this country. It is all the more tragic that the top leadership of American Zionism has refused to campaign against Begin’s efforts, or even to expose to its own constituents the dangers to Israel from support to Begin.
The undersigned therefore take this means of publicly presenting a few salient facts concerning Begin and his party; and of urging all concerned not to support this latest manifestation of fascism.


ISIDORE ABRAMOWITZ,

HANNAH ARENDT,
ABRAHAM BRICK,
RABBI JESSURUN CARDOZO,
ALBERT EINSTEIN,
HERMAN EISEN, M.D.,
HAYIM FINEMAN,
M. GALLEN, M.D.,
H.H. HARRIS,
ZELIG S. HARRIS,
SIDNEY HOOK,
FRED KARUSH,
BRURIA KAUFMAN,
IRMA L. LINDHEIM,
NACHMAN MAISEL,
SEYMOUR MELMAN,
MYER D. MENDELSON,
M.D., HARRY M. OSLINSKY,
SAMUEL PITLICK,
FRITZ ROHRLICH,
LOUIS P. ROCKER,
RUTH SAGIS,
ITZHAK SANKOWSKY,
I.J. SHOENBERG,
SAMUEL SHUMAN,
M. SINGER,
IRMA WOLFE,
STEFAN WOLFE.

New York, Dec. 2, 1948 »

Moral da história: Menachem Begin recebeu o Prémio Nobel da Paz em 1978.

Hitler, Mussolini e Stalin também foram nomeados para o mesmo galardão, mas, injustamente decerto, não chegaram nunca a ser premiados. Ao contrário de Roosevelt, Kissinger e Arafat; que, tal qual Begin, viram reconhecida ao mais alto nível toda a sua denodada, estrénua e pundonorosa labuta pacifista.

domingo, agosto 27, 2006

Blowing in the noise



Faz agora um ano, andava a furacona Katrina em animada digressão pelas Caraíbas e arredores. Anelante, quem sabe, de triunfos idênticos, começou agora a sua tournée o pequeno Ernesto.
Por um azar do destino, mancomunado com a natureza, o início da temporada de furacões nos Estados Unidos coincide com o fim da temporada de festivais de verão em Portugal. Se houvesse justiça no mundo e cientistas de jeito em Portugal, ocorreriam em simultâneo. Entenda-se: à mesma hora e no mesmo local. Inaugurar-se-ia até, para meu especial deleite, o conceito de "furacão útil".
É de facto uma pena que, à hora e local do Rock in Rio, ande um fenómeno tão benfeitor como a Katrina a desperdiçar-se por New Orleans!...

sábado, agosto 26, 2006

7 Suicídios Involuntários








Ser ou não ser suicidado, eis a questão.

sexta-feira, agosto 25, 2006

Strip-tease a finados

A cena, rigorosamente verídica, decorre no leste da China, na região de Donghai. Os habitantes locais, por razões que só a eles dizem respeito, acreditam piamente que quanto mais pessoas assistirem a um funeral, mais homenageado e dignificado o defunto fica. Vendo bem, não estão muito longe da nossa burguesia pata-brava: também acha que numeroso séquito de volta da urna dá status e, eventualmente, lubrifica e facilita contactos. Confiram-se os "enterros das figuras públicas" ou das "vedetas populares". Alguém me contou, não sei se é verdade, que esteve num velório onde serviram salgadinhos e, pela noite fora, borboleteava um doido qualquer, de camcorder em punho, a registar o pesaroso ajuntamento para a posteridade. Não sei se o bufete foi uma forma de atrair peregrinos, ou meramente necroturistas. O que sei é que, nos dias que correm, há uma lógica de audiências que impera por toda a parte - dos concertos pop aos discos pimba, da literatura light à televisão hardcore, das catástrofes aos matrimónios e, pelos vistos, até aos funerais (passe a tripla redundância). Grassa um exibicionismo obcecado de mão dada com um basbaquismo militante.
Ora, para angariar basbaques, vale tudo. E quanto mais sórdido ou aberrante, melhor. Por essa comprovada senda a fora cavalgaram os tais chineses de Donghai. De forma a engodarem audiência para os funerais dos seus entes queridos - sinal de grande honra e distinção, recordo-, ponderaram certamente vários expedientes e acabaram devotos daquele que, por razões óbvias, lhes pareceu oferecer mais garantias de sucesso: shows de Strip-tease. Sem tirar nem pôr - a não ser a roupa, claro está. Ávidas de enxames humanos em laureação dos seus presuntos, as famílias abastadas chegaram a contratar duas trupes de stripers para se despirem durante as exéquias, em dois palcos alternativos, ao melhor estilo festivaleiro. Com tal chamariz, acorreram multidões excitadas, atraídas muito mais pela exibição de carne viva que pela de carne morta. Ao último funeral, segundo relatos, terão assistido cerca de duzentos espectadores, a maior parte deles mirones aliciados.
Não sei se a moda vai pegar por cá. Por lá, já ganhou tais contornos de tradição que as autoridades, alarmadas com a proliferação galopante de tão bizarros convénios, se acharam na necessidade de intervir. Provavelmente, a pretexto das iguarias eróticas servidas em acompanhamento, não é de admirar que alguns entusiastas -daqueles em quem o escrúpulo, compreensivelmente, não resistiu à corrosão do vício - tenham chegado ao ponto de antecipar ou apressar, por meios artificiais, vários óbitos. Agora, segundo noticiam os jornais, cada funeral tem que ter o seu planeamento previamente submetido à aprovação da polícia. E nada de chamarizes eróticos.
Em todo o caso, sempre vos digo que, comparado ao bufete, o strip-tease apresenta largas vantagens. Largas é escasso: imensas!
No meu funeral, por exemplo, desde já posso ir adiantando, em jeito de recomendação aos meus parentes próximos: prescindo do padre e dos crocketes. Dispenso basbaques, caras de frete e carpideiras. Filmagens, proibo determinantemente. Mas, se fizerem questão disso - e eu espero bem que façam, não me ofenderá nada que contratem uma mocetona de opulentos atributos para, em performance lenta e privada, me despedir com um vislumbre do que mais belo encontrei nesta vida. Direi mais: não só não me ofenderá nada, como me honrará muito. Homenagem mais digna, assim de repente, não concebo. Tem apenas um ligeiro inconveniente, sobretudo para a vastíssima horda dos meus figadais inimigos e demais saloiada hostil em redor: é que se a mocetona for da qualidade dessa aí, em epígrafe, provavelmente o enterro, no mínimo, vai ter que ser cancelado e adiado sine die. É que, quase de certeza absoluta, eu ressuscito.

quinta-feira, agosto 24, 2006

Enter the Bear



A Rússia ultrapassou a Arábia Saudita e tornou-se o primeiro produtor mundial de petróleo.

E o pior é o RTS (Russian Trading System) - oil exchange to trade crude and petroleum products for rubles .
Nas transacções internacionais, desde Junho, a fazer fé na notícia, já estarão a aceitar ouro por petróleo (ou gás).
Se o senhor Bush não se portar bem, eles deixam de aceitar dólares e passam a transaccionar exclusivamente em, quem sabe, euros?...

Baixas Instâncias



O planeta Plutão acaba de ser despromovido a "planeta anão".
É uma daquelas notícias capazes de deixar banzado qualquer um.
Ocorre-nos, desde logo, uma constelação de suspeitas: falta de lobby por parte dos plutonianos? Adequação do firmamento a conveniências de cabala? De algum lado do cosmos se tinha que tirar pano para remendar a promoção de Israel a "super-potência" e "suprassumo de civilização"? Expulsaram Plutão do sistema solar como compensação às "potências infernais" para não terem que expulsar Israel da ONU? Ou foi em Plutão que Saddam Hussein escondeu as ADMs? Ou é em Plutão que está sediada a Conspiração Anti-semita Solar (subsidiária da Conspiração Anti-Semita Universal que, como todos sabemos, está sediada em Andrómeda )?... Descobriu-se que é Plutão que está por detrás do Eixo do Mal? Foi o Luís Delgado, - de mãos dadas com Vasco Graça Moura, Idem Pulido Valente, Pacheco Pereira, o Sô Zé e a Linda Reis, de roda duma mesa pé-de-galo benzida pelo professor Karamba - quem o descobriu? É preciso expulsar Plutão para apressar o parto do Novo-Médio-Oriente e, de caminho, o Armagedão?...
Agora a sério, quem tem autoridade para promulgar uma anedota destas?
- A AIU (União Astronómica Internacional), refere a notícia. Traduzindo: umas criaturinhas microscópicas do Planeta Terra.
Para terminar, ainda mais a sério: Que raio de autoridade tem um planeta mentecapto para despromover a anão qualquer outro planeta?...

terça-feira, agosto 22, 2006

The ultimate faxism: A Barbie Burka


Se os Iranianos malvados querem mesmo levar os adoradores dos States e do seu Mini Me a um verdadeiro ataque de nervos, deixem-se de enriquecimentos nucleares, de hezbollahs, de almedhinices e vão logo direitos ao símbolo capital da Nova-seita: A Barbie. Pespeguem-lhe com uma burka nas trombas e é vê-los, indignadíssimos, furibundérrimos, a amarinharem pelas paredes!...

E então se for uma Barbie-Burka, de cinto-de-castidade e explosivos, plantada significativamente à porta dum McDonnald's, o melhor mesmo é não facilitar: alerte-se o INEM para que mantenha toda a frota e reservas de prevenção. Vão por certo suceder-se, em catadupa e por osmose frenética, as apoplexias histéricas.

segunda-feira, agosto 21, 2006

Aforismo sazonal



Na Palestina, vigora o cessar-fogo que nunca dura; em Portugal, reina um Deitar-fogo que nunca mais acaba.

Rabis anti-sionistas e outras minudências



Sinceramente, quanto mais tento compreender estes tipos, mais extravagâncias constato. Acabo de descobrir que uma comitiva de rabis anti-sionistas já por duas vezes visitou o Irão, onde expressou as mais severas críticas ao "estado/quisto sionista" e enorme solidariedade com as visões curativas do almedinicoiso porta-voz dos ayatollahs.
Para estes ultra-ortodoxos, o sionismo é abominação. E devia, em seu entender, ser limpa do mapa. Não duvidam, inclusivamente, que o Todo Poderoso, num daqueles acessos lendários de justiça sumária que o caracterizam, trate disso um dia destes.
Para outros tradicionalistas, comos estes, a abominação não se afigura muito menor. Fazem mesmo questão em bradar a que não se confunda o "estado sionista" com "o estado judaico". Entre outros mimos fracturantes, acusam o sionismo de ser "um pseudo-judaísmo que degrada a essência metafísica da identidade judaica a um nacionalismo secular".

Bem, que o regime que campeia em Israel é um nacionalismo particularmente virulento e belicista, não parece matéria de opinião, mas de facto (mais que evidente). Que circuntâncias várias envolventes o promovam e justifiquem, não contesto. Só há um mistério sui generis que, nisto tudo, desafia a compreensão do mais perspicaz: porque é que aqueles -democratas reciclados da beatocracia moderna - que estão sempre de fornicoques prontos para vituperar e menoscabar todos e qualquer tipo de nacionalismo, sobretudo caso respeite ao próprio país onde nasceram, quando é Israel a desfilar na passerelle, ei-los que, tomados de súbita amnésia selectiva, desatam a vislumbrar apenas virtudes, maravilhas e enlevos pródigos?... Um verdadeiro Todos em um, garantem-nos, esganiçando-se num fervor fanático e alucinado: é um "nacionalismo democrático!", apregoam, rangendo a dentuça; "é um "nacionalismo bastião do ocidente!", espumam e cuspinham-se; "é um "nacionalismo especial de corridas!", alardeiam, entre espasmos; é um "nacionalismo a porejar um racismo benigno", entoam cânticos, alternados com babas; "é um nacionalismo a quem todos devem e ninguém paga!", salmodiam, delirantes; e por aí fora, ad nauseam.
Dir-se-ia que todos os males consagrados pela ultra-pasteurização mental do nosso tempo -a saber, nacionalismo, racismo, colonialismo, virilidade et al -, têm uma única e comum excepção: Israel.
Aquilo que em qualquer parte do mundo, perpetrado por qualquer outro povo ou regime é um Mal merecedor dos piores bombardeamentos e sanções, em Israel - aleluia! - é um Bem Sublime, acima da crítica, das leis simploriamente humanas e, sobretudo, de quaisquer regras lógicas. Como se, à imagem caleidoscópica do Pseudo-Iahvé padroeiro, o Nova-Sion fosse soberana absoluta e inescrutinável dos seus caprichos. E o mundo inteiro tivesse que andar - de cócoras, cabeça baixa e implorando misericórdia - ao sabor das suas birras, manias e humores.
Quanto mais baixo conseguem ainda descer?

domingo, agosto 20, 2006

Saídas de sendeiro?...

«Taliban are reconquering south-west Afghanistan from the government, American and Nato forces sent to fight them. »
Assim vai o Afeganistão. O Iraque, esse, à força de esquadrões da morte e "black-operations", lá mergulhou estrepitosamente na guerra civil.
Longe de mim pôr em causa a excelência da democratização à bomba como cura milagrosa de todos os nossos males. Mas havemos de convir que, no mínimo, apresenta efeitos secundários bizarros e pouco moralizantes.
O dito popular é bem certo: entradas de leão...

Ulisses Portugal, desempregado do Império



(A vós, senhora. Com a devida vénia.)

Foi ter escutado o canto das sereias,
foi ter fitado os olhos de Medusa.
Fez de mim pedra, estátua confusa
náufrago irrecuperável de Odisseias.

Foi ter interrogado Esfinges e Oráculos,
foi ter percorrido, curioso, o labirinto;
Fez de mim a vítima com que brinco
cercando-me de muros e obstáculos.

Foi ter partido para muito longe, foi
Ter ficado prisioneiro da Cadeira Sem Memória;
-fez de mim aquilo que mais dói:

Um Ulisses que já não cabe na história,
um velho mais réprobo que herói,
Sem Penélope, nem Ítaca, nem glória.

sábado, agosto 19, 2006

No Sofá com Bush



«The President suffers from "character pathology," including "grandiosity" and "megalomania" -- viewing himself, America and God as interchangeable.»

- Dr. Justin Frank, psicanalista

A última do Bush é que o "mundo pode demorar a aceitar que o Hezbollah perdeu". Concordo que vai levar o seu tempo, já não falando nas doses maciças de propaganda ad nauseam, para transformar factos em fantasias. Mas, enfim, pelo método Stalin tudo se consegue. Os mais difíceis de persuadir, estou em crer, até serão os próprios israelitas, especialmente os que estiveram na frente de combate terrestre.
Neste momento, ainda não transmutados pela ciência taumatúrgica do Deus-presidente americano, alguns deles promulgam mesmo desabafos amargurados do seguinte jaez:


De qualquer modo, sempre reconheço: George W. Bush há muito que deixou de ser um problema equacionável ao nível do sofá. A peça de mobiliário e decoração que, por esta altura do campeonato, mais quadraria a tão complexo energúmeno, seria, sem sombra de dúvida, uma cadeira. Eléctrica.
Ou acústica, desde que devidamente ministrada. Quer dizer, com toda a força, pelos cornos abaixo. Pelo menos, três vezes ao dia.

sexta-feira, agosto 18, 2006

É um gás que lhes dá!...



«I am strongly in favour of using poisoned gas against uncivilised tribes. The moral effect should be so good that the loss of life should be reduced to a minimum. It is not necessary to use only the most deadly gasses: gasses can be used which cause great inconvenience and would spread a lively terror and yet would leave no serious permanent effects on most of those affected.»

- Winston Churchill

Para quem não entende bem o inglês, eu traduzo:
«Sou fortemente a favor do uso de gases venenosos contra tribos incivilizadas. O efeito deve ser tão eficaz quanto a perda de vidas possa ser reduzida ao mínimo. Não é necessário utilizar apenas os gases mais mortíferos: podem ser também empregues gases que causem grandes distúrbios e disseminem um vívido terror, sem que, todavia, deixem efeitos permanentes nos afectados» - Winston Churchill

Durante a Primeira Grande Guerra, o uso de gás ficou lendário. Os primeiros a utilizá-lo foram os franceses, ao que os alemães retaliaram e os ingleses aderiram com grande entusiamo, tornando-se posteriormente os campeões da coisa. Entre os três, repartiram, merecidamente, os louros da infâmia.
Na Segunda Grande Guerra, os italianos também usaram gás sobre os Etíopes e os Japoneses sobre os chineses. No entretanto, os ingleses, com a benevolência própria das democracias liberais, gasearam os curdos.
Saddam Hussein, esse monstro, recorde-se, encontra-se em julgamento por crimes contra a Humanidade. Uma das acusações que sobre ele impendem, das mais infames, é a de ter usado gás sobre populações curdas.

quinta-feira, agosto 17, 2006

Um Paraíso Artificial


«The trade in such drugs usually results in some form of monopoly which not only centralizes the drug traffic, but also restructures much of the affiliated social and economic terrain in the process. In particular two major effects are the creation of mass markets and the generation of enormous, in fact unprecedented, cashflows. The existence of monopoly results in the concentrated accumulation of vast pools of wealth. The accumulations of wealth created by a succession of historic drug trades have been among the primary foundations of global capitalism and the modern nation-state itself. Indeed, it may be argued that the entire rise of the west, from 1500 to 1900, depended on a series of drug trades."
(...)"the image of the "opium empire," a metaphor first offered by Joseph Conrad. It takes up the early history of opium and other "traditional drugs" such as tobacco and sugar and develops the paradigm of commercialized drug trades and ties that to the growth of European colonialism in the Americas and Asia . . ."(...)
". . . links between drug trades, European colonial expansion,the creation of the global capitalist system and the creation of the modern state. Drug trades destabilized existing societies not merely because they destroyed individual human beings but also, and perhaps more importantly, because they have the power to undercut the existing political economy of any state. They have created new forms of capital; and they have redistributed wealth in radically new ways."(...)
"Opium thus created a succession of new political and economic orders in Asia during the past two centuries. These included the state of the East India Company itself, the new Malay polities ofisland Southeast Asia, the colonial states of nineteenth-century Southeast Asia and the warlord regimes of post-Qing China as well as the Guomindang and communist states that arose out of that milieu. At the same time, the economies of the entire region were radically reoriented, or perhaps "re-occidented" would be a more appropriate word. India's opium production was brought under western control while China's domestic economy was opened to the west. Southeast Asiawas first opened to western traders and then to western control. With the migration of Chinese labor, Southeast Asian economies were transformed into commodity-producing regimes focused on exporting to the industrializing western Powers. Underlying all of this, opium rearranged the domestic economies and pushed them down the path of mass consumption, which together with mass production, typified the"modern" economic order. It is possible to suggest a hypothesis that mass consumption, as it exists in modern society, began with drug addiction. And, beyond that, addiction began with a drug-as-commodity. Something was necessary to prime the pump, as it were, to initiate the cycles of production, consumption and accumulation that we identify with capitalism. Opium was the catalyst of the consumer market, the money economy and even of capitalist production itself in nineteenth-century Asia. (...)
Opium was the tool of the capitalist classes in transforming the peasantry and in monetizing their subsistence lifestyles. Opium created pools of capital and fed the institutions that accumulated it: the banking and financial systems, the insurance systems and the transportation and information infrastructures. Those structures and that economy have, in large part, been inherited by the successor nations of the region today.»

- Carl A. Tracki, "Opium, Empire and the Global Economy"

Para digestivo, recomendo uma passagem de olhos pelo World Drug Report das Nações Unidas ( convém recordar que relatórios são a única especialidade efectiva -se bem que igualmente inconsequente - daquela patética organização).
Depois, ficar a saber que, como vaticinado nos últimos meses, a colheita de ópio deste ano no Afeganistão vai bater todos os recordes.
Finalmente, calcular a quantidade de óbitos, zombificações, catástrofes familiares, crime de vária ordem, doença, tragédia, escravatura, ruína fisica, mental e moral, etc, etc, que o tráfico/comércio ilícito de estupefacientes já provocou. E talvez chegar à conclusão que o verdadeiro terrorismo tem a forma de anestesia e grassa endemicamente no melhor dos mundos.
O inferno é o principal negócio do Paraíso.

quarta-feira, agosto 16, 2006

Manuais escolares



Segundo o professor Bernard Lewis, um erudito conceituado (que, por acaso, também é judeu praticante), "uma passagem da autoria do Ayatollah Khomeini, citada num manual escolar iraniano do 11º ano, é deveras reveladora":

Não menos revelador, segundo Israel Shamir, parece ser um axioma presente num manual escolar israelita:

Segundo a Masada2000, autoridade nestas matérias, Bernard Lewis não figura no Index (aka Shit-list) donde se pode depreender que é um bom judeu. Pelo contrário, Israel Shamir, apesar dum nome tão patriótico, não só pontifica destacado no rol execrável como merece apodo de "nazi". Lamenta-se até que não tenha sido ainda enforcado ou expulso, como seria mais que justo mas certos entraves democráticos têm impedido.

Estas questiúnculas intestinas dos eleitos, sinceramente, não me interessam muito. O importante resume-se a uma pequena questão: existe aquele axioma na/o Taniya ou não?


PS: Mas sempre conjecturo que talvez não tenham sido peias de ordem "democrática" que obstaram à "merecida execução" do "judeu merdoso" e traidor, como, tão amargamente, deploram os justos. Talvez tenham sido, outrossim, preceitos de ordem religiosa, moral, em suma: racista. Fosse ele gentio e talvez a questão se não pusesse. Da Torah ao Talmud, o mandamento é claro: "Não matarás" - o judeu teu semelhante, naturalmente.

PS2: Entretanto, segundo informam os puros, Israel Shamir, para cúmulo de ignomínia, juntou a injúria à traição, e o desprezo à deserção para o mais detestado inimigo: converteu-se ao cristianismo.

terça-feira, agosto 15, 2006

Panicofilos versus terroristas

A história inicial, se bem estou lembrado, era que eles pretendiam fazer explodir os aviões no dia 11 (o tal fetichismo cabalista que muito parece fasciná-los, desde o WTC). Para o efeito, tinham congregado explosivos líquidos sofisticados (que se compram em qualquer drogaria e cuja receita a televisão - e os media em geral - já tiveram a bondade de comunicar às massas) e detonadores disseminados em aparelhómetros electrónicos vulgaríssimos (falou-se, a partir de certa altura, em iPods). O Telegraph fazia mesmo uma emblemática súmula da tese: "It is believed that the plan was for different passengers to carry peroxide-based liquid explosive in drinks containers and detonators disguised as everyday electronic devices and combine them on board" Segundo estes rumores inaugurais, teriam sido placados, heróica e providencialmente, na véspera da hecatombe.
Entretanto, sucedem-se as flutuações e as incongruências na tese.
Peritos afirmam que o tal "cocktail diabólico", afinal, não precisa de detonador. Transportes de imaginação por parte dos ficcionistas de serviço?
Por outro lado, se inicialmente era o alerta geral e lancinante nas vésperas duma chacina formidável que entraria para o Guiness Book of Records, não tardou que, aos poucos, e para grande mágua dos amantes de desastres e sangrias nas auto-estradas (melhor ainda se forem aéreas), sobreviesse uma espécie de anti-clímax:
Do "dia seguinte" (o tal 11 mágico) começou por adiar-se para dia 16; daí a coisa resvalou para um já menos excitante "a poucos dias de" ("British suicide bombers were within days of blowing up 12 passenger jets" (interrogo-me: porque não 11?) e, logo de seguida, murchou para "algures no futuro", em "data incerta", já que, segundo fontes anti-terroristas, "nenhum dos hediondos conspiradores tinha ainda comprado bilhete de avião".
Em suma: já tinham os ingredientes líquidos, o plano maquiavélico, a pérfida intenção, cassetes martiriológicas (segundo o Financial Times, de 11 de Agosto,"US officials said police had found a pre-recorded martyrdom tape, airline schedules and even flight tickets at the addresses"), uma grávida disposta a tudo para abortar na estratosfera, mas, lastimavelmente, ainda não tinham os bilhetes. E, pelos vistos, segundo a notícia de abertura em epígrafe, nem os passaportes.
Mas o essencial, apesar de todas estas contrariedades, mantinha-se: eram voos destinados aos Estados Unidos. Dava imenso jeito; e cumpria quesitos essenciais a esta qualidade de enredos. Se bem que a última versão -pela voz abalizada de Michael Chertoff (Department of Homeland Security Secretary) à CNN - cometa a imprudência de reconhecer que " the current evidence does not show any plotting occurring inside the United States or any plan to conduct operations within the United States".
Ora bolas! Mas restará algum suporte sólido nesta conjura de cordel?!
Contra-subversão ou propaganda -ainda por cima pregada e erguida às três pancadas?!...
A conclusão a tirar de toda esta trapalhada é óbvia e é triste: se esta gentinha que vive principescamente a expensas do erário público (e à gorjeta dos empórios) for tão boa a combater o terrorismo como a cozinhar fábulas conspirativas, então, meus amigos, podemos afirmá-lo à confiança: estamos olimpicamente fodidos.
Com anti-terroristas destes, é de conjecturar se os terroristas, de todos os escalões e proveniências, não começam a tornar-se redundantes, verdadeiramente supérfluos...
Os aviões não explodiram, os desgraçados a bordo não faleceram abruptamente, mas também não foi preciso. O alarme, o sobressalto e a balbúrdia decorrentes foram quase os mesmos. Precisamente porque quem era suposto combater, neutralizar e evitar o terror -isto é, a disseminação dum clima de insegurança, nervosismo e medo entre a população -, foi quem tratou de propagá-lo aos quatro-ventos, com esmero missionário e frenesim megafónico. Mais, com insídia reforçada: "não explodiram, mas podem ainda vir a explodir a qualquer momento"; "não morreram, mas não perdem pela demora, as urdiduras prosseguem a ritmo infernal". Antes de padecê-la no corpo, à catástrofe pulverizante, vamos ter que sofrê-la na imaginação, na esperança. Angustiemo-nos, pois, até à loucura: Temos uma espada de Dâmocles sobre os toutiços frívolos e microcéfalos. Sitiam-nas hordas demoníacas e ocultas (pior que tudo: intestinas!) - episódio não já da História, este neo-feudalismo que se acastela no horizonte, mas da Histeria induzida e cultivada.
Sinal disso é o método a que os nossos peritos anti-terrorismo, com obsessão crescente, se devotam sem fadiga: protegem-nos, vacinam-nos, imunizam-nos contra o terror, numa homeopatia alucinada, através da inoculação sistemática do pânico. Percebe-se a lógica: não há como o instinto das tripas para suspender o juízo, varrer a memória e liquefazer a coluna.

Uma guerra pela culatra

«You have to be down here with the Hizbollah amid this terrifying destruction - way south of the Litani river, in the territory from which Israel once vowed to expel them - to realise the nature of the past month of war and of its enormous political significance to the Middle East. Israel's mighty army has already retreated from the neighbouring village of Ghandoutiya after losing 40 men in just over 36 hours of fighting. It has not even managed to penetrate the smashed town of Khiam where the Hizbollah were celebrating yesterday afternoon. In Srifa, I stood with Hizbollah men looking at the empty roads to the south and could see all the way to Israel and the settlement of Mizgav Am on the other side of the frontier. This is not the way the war was supposed to have ended for Israel.
Far from humiliating Iran and Syria - which was the Israeli-American plan - these two supposedly pariah states have been left untouched and the Hizbollah's reputation lionised across the Arab world. The "opportunity" which President George Bush and his Secretary of State, Condoleezza Rice, apparently saw in the Lebanon war has turned out to be an opportunity for America's enemies to show the weakness of Israel's army. Indeed, last night, scarcely any Israeli armour was to be seen inside Lebanon - just one solitary tank could be glimpsed outside Bint Jbeil and the Israelis had retreated even from the "safe" Christian town of Marjayoun. It is now clear that the 30,000-strong Israeli army reported to be racing north to the Litani river never existed. In fact, it is unlikely that there were yesterday more than 1,000 Israeli soldiers left in all of southern Lebanon, although they did become involved in two fire-fights during the morning, hours after the UN-ceasefire went into effect.(...)

domingo, agosto 13, 2006

Lógica do (pobre) diabo

"Sorri, meu filho, senão ainda somos acusados de anti-semitismo!..."

sábado, agosto 12, 2006

Democratização=genocídio

Em 09 de Janeiro de 2005, foi publicado aqui o seguinte postal:

«ESQUADRÕES DA MORTE?...


Latinização dos Árabes?... A Nova estratégia na democratização do Iraque?...
Leiam aqui, na Newsweek.

E não percam os próximos episódios.»

Pois bem, mais de um ano e meio depois, chegou a altura de actualizar a novela. Provavelmente, não acompanharam com muita atenção os episódios - as múltiplas peripécias e catástrofes que decorreram entretanto. Não faz mal. Ainda vão a tempo de assistir ao epílogo. É mesmo com ele que vos deixo:
«Death squads push Baghdad to the brink»

(09 de Agosto de 2006)

A este ritmo, se houver justiça, ainda um dia destes o monstro Saddam é proposto para canonização.

quarta-feira, agosto 09, 2006

Garage sale



O terrorismo é uma ameaça tão grande, tão séria, tão apocalíptica que até o Departamento da Defesa dos Estados Unidos se entretém a fazer leilões de armamento -estilo garage sales - na internet.
Uma boa altura para os nossos totós belicoisos adquirirem um Kit de combate e receberem Guia de Marcha* para o Médio Oriente. Tantos árabes e tão pouco tempo!...

*- perguntem ao paizinho o que significa "Guia de Marcha". Se o paizinho também não souber, o que é provável, então dirijam-se ao Quartel mais próximo. Qualquer soldada ou furriela lhes colmata a ignorância em coisa de minutos.

Nunca brinques com a "mão invisível"

«"Control is what it's all about," one oilman told me. "It's not about getting the oil, it's about controlling oil's price."
So, within days of Bush's election in November 2000, the James Baker Institute issued this warning:
In a market with so little cushion to cover unexpected events, oil prices become extremely sensitive to perceived supply risks. Such a market increases the potential leverage of an otherwise lesser producer such as Iraq...
I met with Falah Aljibury, an advisor to Goldman Sachs, the Baker/CFR group and, I discovered, host to the State Department's invasion planning meetings in February 2001. The Iraqi-born industry man put it this way: "Iraq is not stable, a wild card." Saddam cuts production, or suddenly boosts it, playing games with the U.N. over the Oil-for-Food Program. The tinpot despot was, almost alone, setting the weekly world price of oil and Big Oil did not care for that. In the CFR's sober language:
Saddam is a "destabilizing influence... to the flow of oil to international markets from the Middle East."
With Saddam out of control, jerking markets up and down, the price of controlling the price was getting just too high. Saddam drove the oil boys bonkers. For example, Saddam's games pushed the State Department, disastrously, to launch, in April 2002, a coup d'etat in Venezuela.
This could not stand. Saddam delighted in playing cat-and-mouse with the USA and our oil majors. Unfortunately for him, he wasn't playing with mice, but a much bigger and unforgiving breed of rodents.
Saddam was asking for it. It was time for a "military assessment." The CFR concluded:
Saddam Hussein has demonstrated a willingness tothreaten to use the oil weapon to manipulate oil markets... United States should conduct an immediate policy review toward Iraq, including military, energy, economic, and political/diplomatic assessments.
The true motive to invade Iraq, Saddam's "manipulation of oil markets," was there, but not yet, in April 2001, the official excuse.
Not surprisingly, the desires of the "Project for a New American Century," the neo-con field of dreams, of remaking Arabia, was not in the Baker Institute-CFR plan. However, the conclusion, Saddam must go, matched the neo-con's policy demand, if for highly different reasons. The Baker-CFR panel had a limited concern: Get rid of the jerk, the guy yanking the market.»
- Greg Palast, "Armed Madhouse"


Portanto, segundo esta perspectiva, o tirano louco meteu-se com a "mão invisível". Ideia infeliz. A "mão invisível", que não é para brincadeiras, aplicou-lhe de pronto o cacete super-evidente.

terça-feira, agosto 08, 2006

Se não vai a mal, vai a bem...

«BP shuts down biggest oil field in U.S., triggering gas-price fears».

Que raio de altura para fechar o maior campo petrolífero dos Estados Unidos. O pretexto? Serviu aquele como, provavelmente, servia outro qualquer.

A Internacional Mimada



«Frequentemente, tenho almoçado num Mcdonald’s situado num dos mais concorridos e pretenciosos subúrbios da América, mesmo à saída de Washington, D.C. Os residentes experimentam sentimentos contraditórios acerca do facto de terem um McDonald’s na sua comunidade – debilita a sua auto-imagem – pelo que o restaurante está enfiado nas entranhas dum pequeno centro comercial, o que o torna impossível de encontrar a forasteiros.

Gosto de chegar por volta das 10h30m. Levanto-me cedo, e antes das 11 horas o meu McDonald’s ainda está sossegado. Consigo comer e ler em paz. Mais tarde, costumam chegar as mães ao volante dos seus 4x4 luxuosos, acompanhadas das suas proles em idade pré-escolar, e, se é tempo de férias nas escolas, reforçadas com crianças mais velhas. Alguns liceais também aparecem. Aos sábados, muitos pais cumprem a via sacra do McDonnald's acompanhados de toda a filharada. O meu "café francês" transforma-se então num verdadeiro asilo de doidos. Sobretudo junto ao parque infantil, o barulho aumenta dramaticamente. Acabei por aprender a alhear-me da algazarra, mas, por vezes, ainda contemplo tal cenário com um certo fascínio. Nos carrinhos, as criancinhas que ainda mal sabem andar, berram se os pais não lhes fornecem as batatas fritas à velocidade requerida. As crianças mais velhas rastejam sobre cadeiras e mesas, quando não correm por todo o lado aos gritos, levando tudo à frente, enquanto esperam que a mamã ou o papá lhes tragam a comida. Mães e pais afadigam-se, ansiosa e solicitamente, em benefício dos seus príncipes e princesas. Confortam-nos e desculpam-se perante o pequeno Ashley ou Eliot por terem tido que esperar tanto tempo. Agora, já conheço a diferença entre o choro de uma criança que sofre e o de uma que não admite esperar nem aceita um "não" como resposta. No bendito parque - o "buraco do Inferno" - torna-se evidente que estas crianças só consideram verdadeiramente brincar quando se empurram e atiram para cima umas das outras, ao mesmo tempo que produzxem um ruído ensurdecedor. Por vezes, o recinto emite gritos de tal modo estridentes que até as crianças de origem asiática olham para os seus pais, estupefactas. O respeito para com os adultos parece ser-lhes completamente desconhecido. De início,o comportamento destes micro-selvagens indignava-me; não obstante, cedo verifiquei que estas crianças apenas imitavam os pais que, por sua vez, imitavam os deles. Os adultos, entretanto, falavam de forma estridente e penetrante -alguns ao telemóvel, como se estivessem sós. Todo o cenário rilhafolesco reflectia completa ausência de auto-disciplina e de respeito pelos outros.
Sim, este quadro é bem a imagem da política externa dos Estados Unidos da América. Esta é a nova e emergente classe dominante americana, constituída cada vez mais por pessoas habituadas a encarar o mundo como algo que apenas existe para os servir. Atreva-se alguém a contrariar as suas vontades, que a resposta será a descarga das suas fúrias e birras. Chamemos a um tal protótipo "personalidade imperialista" - se "fedelhos mimados" soar demasiado rude.»

Traduzido deste artigo de Claes G.Ryn, cuja leitura completa volto a recomendar vivamente.

segunda-feira, agosto 07, 2006

Oncle Sion needs you!

Francamente, não sei de que é que os nossos mata-mouros do cuspo estão à espera!... Não parece que ficar só diante do monitor e do teclado, a disparar baterias de gafanhotos -digo, mísseis ideológicos - on-line esteja a constituir grande ajuda.
Dizem-me que vão já. Assim que consigam perceber a diferença entre a realidade e um video-game. E já vão no terceiro nível, exultam os mais desembaraçados.
Talvez numa próxima encarnação, portanto. Sejamos optimistas.

domingo, agosto 06, 2006

O Pensamento Gang-Bang-bang, ou dos que não pensam à boleia apenas porque pensam em Comboio

Caro Buiça,

Nem eu, graças a Deus, sou professor Doutor e, muito menos, engenheiro, arquitecto, economista, jornalista, advogado, comentador, gestor, ou moço de fretes equivalente, nem vosselências – você e mais não sei quem que lhe fecunda a fantasia gang-bang-bang -, podem ser arrolados na categoria das “pobres massas obscurantizadas”, ou, tão pouco, da "legião de obscurantizados, iletrados", etc e tal. Se queremos ser rigorosos, e não apenas prosaicos, eu sou um vulgar cidadão português dotado duma inteligência mediana e vós outros constituís -com distinção!- uma ruidosa cambada de totós a armar ao pingarelho, no melhor dos casos, ou –no pior e, de resto, mais frequente-, pura e simplesmente a fazer annilingus ao “Poder e à Força” - tal qual Ésquilo, há vinte e muitos séculos atrás, exemplarmente os retratou no seu “Prometeu Agrilhoado” (ao "Poder e à Força", naturalmente, e não a vossas ínclitas 'Xelências que, como é óbvio e facilmente atestável, por essas eras vetustas, ainda nem nas desafortunadas e frustes bolsas seminais paternas girináveis). Quanto a se alguma "tenebrosa treva", ou treva de qualquer outra qualidade, vos oprime, é matéria que desconheço e sobre a qual prometo continuar a marimbar-me com todas as minhas forças. Às vezes, para ser sincero, tenho simplesmente pena que não vos oprima algo mais justo, como, por exemplo, uma condigna enxada nas unhas e um trabalho rural adequado à vossa pujança mental. Tudo isso acompanhado do necessário estímulo: cavalo marinho com fartura e caldo de Mestre Cabra três vezes ao dia.
Acreditar, por conseguinte, que eu vos pudesse ensinar qualquer coisa, enferma de, pelo menos, três optimismos saloios - certamente pechinchados na feira de Carcavelos do entendimento onde a vossa tribo se abastece:
1. Que eu, por um qualquer surto avassalador de extravagância, alimentasse alguma vontade de vos ensinar;
2. Que eu tivesse algo para vos ensinar;
3. Que vosselências, com tão rica panóplia de convicções neotrolhas e antolhos soberanos, fossem ensináveis.
Ora, respectivamente, não nutro, não tenho e não são.
Até porque, mesmo que para tão baldado treino me sobrasse o engenho, o assunto, os aprestos e, sobretudo, a paciência Zen, faltar-me-ia sempre um espaço essencial: o picadeiro.



PS: Que, feito palhadino, lhes tome as dores, acho enternecedor, ó Buiça. Mas que, para cúmulo devoto, venha oferecer os lombos em seu lugar, é caso para inaugurarmos, desde já, uma galeria holocáustica de “mártires do Novo-Credo Global Neojacobino e dos Armagedonitas dos Últimos Dias”.
Espero ao menos que durante o devaneio mimoso em que garatujou tão intrépido postal, tivesse calçados, em estandarte ufano da espécie, os seus novos sapatinhos de vela.
Sabemos que sempre que os calça, certamente por artes mágicas que remontam às fábulas cinderélicas, a abóbora que traz sobre o pescoço transforma-se em coche maravilhoso (com uma virgenzinha impoluta e melindrosa lá dentro) e o ratinho de laboratório que lhe tripula as vísceras, feito cocheiro, desata a rugir que nem um leão. Quanto mais não seja, ansioso de demonstrar - a todo um mundo estupefacto - que não foi debalde que a montanha de vento o pariu.

Propaganda ou propagalga?...



Tecnicamente falando, isto é verdade:
Falta apenas acrescentar, a bem duma melhor exaustão do assunto, que existem não apenas sistemas multitubo (BM-21, BM-24) que requerem o suporte duma viatura, mas também sistemas unitubo (Grad-P), que disparam apenas um Rocket e são portáteis por indivíduos apeados. Naturalmente, este sistema Grad-P, por razões tácticas óbvias, deverá ser o que está a merecer a preferência dos guerrilheiros do Hezzbolla. Assim sendo, o único local de um edifício donde o mesmo pode ser efectivamente disparado é de um terraço. Não tem, todavia, qualquer interesse para o operador fazê-lo a partir daí, pois dificultaria a retirada do mesmo em tempo útil. Calcula-se que, no máximo, em dois minutos, o sofisticado sistema de detecção e resposta israelita localiza a origem do disparo e fustiga-o, com elevado grau de precisão, através de artilharia terrestre ou meios aéreos.
Portanto, quando lemos notícias como esta:
«Reuters news agency quoted an unnamed Israeli naval officer as saying the guerrilla cell was on the second floor of a five-storey block in a densely populated neighbourhood. », e outras do mesmo jaez - em que os israelitas atacam apartamentos donde pseudo-terroristas terão feito expedições de putativos mísseis -, podemos ter a certeza que estão a tentar fazer de nós parvos. Não se disparam rocketes de apartamentos.
Na mente dos nossos neoconinhas e belicoisos associados eles até podem ser disparados -e geralmente são - de carrinhos de bebé, por islamofassistas ainda de fralda e chupeta; mas na realidade não.


PS: Um indício muito forte (para não lhe chamar outra coisa) de que os Hezzbollahs estão a usar o sistema unitubo e não o BM-21 é que a "aterragem" dos katyuscas tem sido individual e quase sempre errática. Ora, um BM-21 em acção pode remeter até 4o (quarenta) ameixas duma só revoada para um mesmo destinatário. As ameixas não vão cair todas no mesmo sítio (nenhum projéctil de artilharia tem essa capacidade) mas, de certeza, vão bater todas a mesma área. Ora, não consta que nenhum bairro de Haifa tenha sido terraplenado, pois não?

PS.2: No caso do apartamento do 2º andar -não especifica se direito ou esquerdo -, que os comandos israelitas assaltaram num bairro de Tiro, segundo a notícia em epígrafe, a tese peregrina ainda é mais esgalgada: nem sequer era um "katyuska", mas sim um míssil que tinha caído bastante mais longe, por Israel a dentro. Ora se tinha maior alcance, tinha, pelo menos, maior carga (os mísseis, no fundo, são pequeninos foguetões e não voam por força de fisga nem catapulta doméstica (excepto nas mentes que nós sabemos), pelo que era maior, mais pesado e, certamente, não portátil. Cabe na cabeça de alguém -e não precisa de ter conhecimentos mínimos militares, bastam-lhe os alqueires bem medidos -, que os Hezzbollas andem a levar rampas de lançamento de mísseis para o 2ºAndar num qualquer bloco de apartamentos de Tiro?!!... E subiam, eles mais a traquitana, como? - Pela escada? pelo elevador? Ou recorriam àquelas monta-cargas gigantes das firmas especializadas em enfiar pianos de cauda pelas varandas, nos T6 dos pato-bravos?...
Estamos a falar de mísseis SSM ou de cartas armadilhadas?...

sábado, agosto 05, 2006

Do Neo-Jacobinismo

Num artigo muito didáctico de Paul David Collins, pode ler-se, a certa altura, esta citação deveras clarividente de Claes G. Ryn:
«Within today's Western democracies a new Jacobinism is exercising growing influence, especially in the United States. It is working to sever the remaining connections between the popular government and the traditional Western view of man and society. It employs an idiom somewhat different from that of the earlier Jacobinism, and it incorporates various new ideological and other ingredients, but it is essentially continuous with the old urge to replace historically evolved societies with an order framed according to abstract, allegedly universal principles, notably that of equality. Like the old Jacobinism, it does not oppose economic inequalities, but it scorns traditional religious, moral, and cultural preconceptions and social patterns that restrict or channel social and political advancement and economic activity . . .The new Jacobins are more accepting of existing society than were the old Jacobins, for they regard today's Western democracy as the result of great moral, social and political progress since the eighteenth century. They see it as an approximation of what universal principles require. (...)


É, diria mais, e como de resto já aqui escrevi, um neocomunismo recauchutado e caiado a sepulcro iluminista de finis historia. Papam hóstias polvilhadas a Platão, mas debitam uma bosta de invariável fedor pestilento, que tresanda a Lenine, Gnose e, mais que todos, Mamon.
Esta escória epígona da degenerescência urbano-industrial, prole de psico-aviário e tele-incubadoura, não reclama debate. Seria um erro grosseiro perder tempo com isso. Requer, outrossim, o abate. O abate sanitário, entenda-se. E com carácter de urgência!

sexta-feira, agosto 04, 2006

12 Normas de Procedimento para os Porta-vozes de Israel em tempo de guerra

Uma italiana, presumo, bonita e com um refinado sentido de humor:

«1. O nosso exército é o exército mais humanista –e humanitário! - do mundo.

2. O nosso exército informa sempre as vítimas indefesas antes de lhes despejar toneladas de bombas em cima.

3. Existe algum outro exército no mundo que espalhe panfletos antes de cometer genocídio?

4. E como se isto não bastasse, nós sempre “lamentamos profundamente” depois de termos cometido atrocidades.

5. Não pedimos nós “sinceramente desculpa” depois de pulverizarmos quatro observadores da ONU?




9. E nunca esqueçam: nós somos a única democracia do Médio Oriente. Quando praticamos este ou aquele crime de guerra, quando atropelamos a Convenção de Genebra, quando nos borrifamos para todo e qualquer apelo humanitário, exprimimos sempre a escolha democrática e soberana do nosso povo. Fazemo-lo, invariavelmente, em nome do nosso povo. Nunca esqueçam, esta Guerra foi desencadeada por uma coligação centrista nacional e unitária de Israel. Esta guerra representa o clamor da voz judaica moderada e amante da paz. Ao contrário do Hezzbollah, um minúsculo grupelho de milícias para-militares, o nosso terror não é senão terrorismo de estado desde a origem. O nosso terrorismo de estado é a nossa opção democrática e é apoiado pelos maiores líderes democratas do mundo: Bush e Blair.

10. Ao contrário dos cobardes do Hammas e do Hezzollah, que se escondem detrás de mulheres e crianças, nós somos valentes, heróicos e tecnologicamente superiores – alvejamos com grande sucesso as mulheres, os velhos e as crianças que podem –ou não – servir de escudos humanos aos terroristas islâmicos. Pulverizamo-los a eles e a eles apenas. Obviamente, acreditamos no assassínio selectivo e bem focado.

11. Embora punamos claramente os Árabes pelos crimes cometidos contra nós pelos Nazis, sendo humanistas imaculados, nunca nos comportamos como os Nazis: nunca arrebanhamos árabes inocentes para dentro de comboios, nunca os despachamos para campos de extermínio, nem, tão pouco, os gaseamos de empreitada; em vez disso, com o apoio sempre solícito do nosso Grande Irmão Americano, trazemo-lhes directamente a morte ao domicílio, liquidamo-los na cama, sem sequer precisarem de se levantar, algumas vezes mesmo antes da alvorada, no conforto dos seus pijamas.

12. Em suma, não apenas somos humanistas, como somos o próprio conceito, a epítome do humanismo. Duvidar disto não é outra coisa que anti-semitismo puro e cru.

quinta-feira, agosto 03, 2006

As Bombas de Canaã

«Guardian: Qana Bomb Made in the US.»



Portanto, a responsabilidade do massacre, além do Hezzbolla, da Síria e do Irão- a juntar aos Nazis, à Igreja Católica e a toda a Civilização Ocidental perseguidora e anti-semita-, pertence, caso por alguma calamidade inopinada falhem todos estes alibis, aos Estados Unidos da América, esses gentios maquiavélicos que manipulam tenebrosamente, na sombra, os cândidos e angélicos israelitas. Israel, santa Israel, a eterna vítima dos malvados deste mundo.

Bombardeamentos on-line


Isto é evidentemente um tique de malta tolerante, daquela que entende em qualquer crítica, tanto ou mais que uma afronta, um ataque demoníaco.
Numa primeira fase, eles ripostam on-line, através de bombas de "algazarra inteligente" e mísseis de "berreiro teleguiado".
Numa segunda fase, caso a primeira não dissuada convenientemente os opinários divergentes, contra-atacam off-line e enviam as Mossad Einsatzgruppen.

quarta-feira, agosto 02, 2006

Uma perspectiva das Arábias



Uma perspectiva dos Sauditas, esse reino inefável do Médio Oriente, que não me parece totalmente desprovida de interesse:
«While Lebanon burns, the Saudis feign impotence.»

Algures, lá pelo meio, afirma-se o seguinte:
Traduzindo: "Os Israelitas podem atomizar todo o Médio Oriente e, não obstante, terem ainda a audácia de cobrar ao governo Americano pelos custos da operação. Qualquer Senador discordante pode sempre ser -e certamente será - enviado para um retiro a fim de ser submetido a sessões de re-educação - mas nunca antes de penar uma campanha de açoitamento estropiante por parte dos confraria espiritual de Israel, que estiva nos monopólios dos mass-media."

Já estive mais longe de duvidar disto. Assim, à primeira vista, é difícil desencantar outro tipo de explicação. Se bem que, geralmente, nem tudo o que parece é.
Todavia, como pessoalmente entendo que a estética é superior à política, há uma certeza de que já ninguém me expropria: um tipo que escreve assim não é parvo nenhum.

Até porque sou testemunha como até num Cu do Mundo destes - o rectangulozinho remanescente, à beira-mar naufragado, pois -, infestam e vicejam os "estivadores de mass-media". Mais que as mães e os pais incertos e, a grande maioria deles, à fossanga, em nítido frete a Sion. Uns por apologia, os mais básicos; outros por difamação, os mais bacocos. Tudo somado dá nada e um queijo. Que, bem vistas as coisas, é o que se pretende.
É que se não há pior ataque a uma causa que uma má defesa, também o inverso é verdade: não há melhor defesa duma causa que um ataque estúpido.

P.S: Não sei quanto é que o Estado de Israel paga aos papagaios que cá tem de serviço - se é que paga, pois, regra geral, são tão trolhas e alarvajolas que, estou em crer, acreditam piamente na mixórdia que bolsam, pelo que estivam, além de estúpida, gratuitamente -, mas por um décimo do estipêndio e um salvo-conduto semanal para Academias de strip-tease e outras capelas que tais, eu tratava-lhes da representação com uma perna às costas e um brilho lógico incomensuravelmente superior. E ainda dava para fazer uns biscates aos Iranianos, nas horas extra, que ninguém dava pela diferença.
Aproveitem a promoção, que ando com as finanças em baixo. As putas de qualidade andam cada vez mais caras e o marisco, para acompanhamento, custa-nos os olhos da cara. Bons tempos, os de antigamente, em que elas se desaferrolhavam com um pires de caracóis!...

terça-feira, agosto 01, 2006

Da hipertaliação à tanatoterapia


I

Na sua coluna inspirada, o rabi Daniel Lapin (o rabi preferido do Reverendo Ted Pike, note-se) perfaz uma recapitulação básica do famosíssimo "vae victis". Encerra a sua homilia com um episódio edificante da Torah (ou Antigo Testamento, para os cristãos), Genesis, 14. Nessa santa peripécia, decorrida vários milénios antes do nascimento de Cristo, uns terroristas quaisquer da época "apoderaram-se de Lot" -que, por azar, era sobrinho de Abraão -, bem como de todos os seus pertences. A retaliação de Abraão não demorou e, à semelhança dos seus descendentes de elite contemporâneos, também se esteve nas tintas para a "proporcionalidade": «atacaram-nos de noite e destroçaram-nos, perseguindo-os até Heba (...) retomou todos os bens saqueados, libertou também Lot, seu sobrinho, assim como as mulheres e outros prisioneiros.»
Ficamos assim a saber que os hebreus, ontem como hoje, em bom rigor, não "retaliam" - porque "re-taliar" significaria praticar a "lei de Talião", ou seja, "olho por olho, dente por dente". Ora, o que se passa é que a prática recomendável, segundo os mais diversos e proficientes peritos, (rabi Daniel incluído) é qualquer coisa da ordem "olho por corpo inteiro, dente pela família, amigos e, eventualmente, transeuntes incautos que forem a passar". Não será certamente um exagero se baptizarmos este método altamente civilizado como "hipertaliação".
Não quero, naturalmente, com nada disto colocar em causa a excelência da argumentação do rabi Daniel. Pelo contrário, parece-me a mesma inexpugnável e cristalina, se bem que perifrástica. No fundo, podia ter resumido tudo a uma simples frase:
"Eles atiram-nos com o que têm e nós atiramo-lhes com o que temos! (isto convém-nos porque temos muito mais com que lhes atirar)."
Eu concordo. Já o disse aqui: é tudo uma questão de arsenal. De eficácia a dar cabo do outro. É preciso, no entanto, um bando impenitente de totós para peixeirar juízos morais acerca de algo onde, na realidade, nenhuma moral é tida nem chamada.

II

Por seu lado, na JewishPress, em ritmo laico e prelectivo, mas não menos musculado, Steven Plaut actualiza-nos com as suas "Quarenta lições sobre a Guerra dos Katyuskas aos judeus". É verdade, leitores, também me ocorreu: depois de Ali-baba e os quarenta ladrões, temos agora Steven Plaut e as quarenta lições. Todavia, não percam. Ao melhor nível da Masada2000, este professor da Universidade de Haifa, emite quarenta (deve ter algum significado cabalístico) verdadeiras preciosidades táctico-estratégicas.
Eis alguns desses tesouros intelectuais:
«5. Gestos de boa vontade implementam o terror.
8. O Terror não é causado pela ocupação militar israelita, mas pela remoção dessa mesma ocupação militar.
39. A única maneira de parar o terrorismo é matando os terroristas.
40. Nenhum terrorista matou ninguém depois de ter sido executado

Também aqui, realço, não está minimamente em causa a excelência do raciocínio do benemérito erudito. Fica apenas um breve reparo: mais uma vez, incorre-se em logorreia desarvorada. O General Philip Sheridan gastou muito menos palavras para dizer o mesmo, se bem que duma forma bem mais poética: "O único índio bom é um índio morto". E Adolf Hitler foi ainda mais lacónico: "Temos de ser cruéis!".

É tudo gente que sabe do que fala. Que conhece, em detalhe, os mistérios do ofício e os dédalos profundos do saneamento básico da alma. Que, em modo ou tempo algum, duvida dos méritos panaceicos da "tanatoterapia" -entenda-se, o "tratamento pela morte".
E de facto quem pode afirmar que a Negra Ceifeira não detém a melhor medicina deste mundo?

Falta apenas adicionar a tudo isto, e antes que me esqueça, a lógica imperial do momento: "a única forma eficaz (quer dizer, rentável) de resolver um problema é bombardeando-o". E pronto, temos o manicómio perfeito.